Viajar é se emocionar                                                             Destinos rurais em Santa Catarina

Viajar é se emocionar Destinos rurais em Santa Catarina

Viajar é se emocionar, pelo menos para mim. Eu gosto de chamar as pessoas pelo nome, desde um garçom até o dono do restaurante, gosto de olhar nos olhos, ir na feira livre, fazer perguntas e sentir o povo.

Povos, o Brasil é um país de povos, de comunidades rurais tão diferentes e vibrantes, que, ir ao seu encontro é uma atividade quase infinita. Recebi um desses convites para ver um povo, até então, para mim, desconhecido, um povo brasileiro cheio de sorriso largo, que vive bem distante, e que guarda memórias em sua culinária, roupas, brinquedos, arquitetura.

A convite do SEBRAE – Santa Catarina e da Abractur, participei da FAMTOUR Rota Encantos do Planalto Norte Catarinense; pois é, viajar tem desses mistérios, ir para um lugar que eu nunca tinha ouvido falar, nem sobre geografia, clima, cultura, nadinha, nadinha, nadinha, e essas descobertas é o que me move, chegar com coração puro, mente vazia, e só receber, receber e o quanto essas pessoas tem para dar, chega dá vontade de chorar. Viajar é se emocionar com o tamanho da partilha, com o calor do encontro, com o colorido dos sentimentos e o azul dos céus das matas de araucária.

Eu carrego nome de árvore, Jurema, planta catingueira e resistente, e, a araucária me traz uma similaridade significativa, único pinheiro brasileiro que resiste heroicamente a todo tipo de devastação ambiental desde 1500. Desde o momento que cheguei via aeroporto de Curitiba eu fico olhando de forma insistente para suas copas largas, olho e olho para cima, como se ali, eu fosse uma criancinha e ela minha grande avó, como a personagem Mafalda, que olha pra cima para falar com adultos, eu sinto que essas árvores dialogam comigo, e os encantados que as cercam, não por acaso eu sou Jurema ao CUBO, por que até meu Orixá é Iroko, a grande árvore.

No caminho para Papanduva, mais e mais encantados verdes, mais e mais encontros. Com os colegas de FAMTOUR tive conexão imediata, pessoas que contam histórias e estórias e assim nos estimulam neste movimento. Viajar é movimentar-se , é imigrar por alguns dias, para locais distantes e se abrir ao novo, provar o novo, experimentar o novo, ao ponto de transformar o simples, em incrível.

Uma geleia de tangeriana é tão simples, mas, é incrível colher as bergamotas, assim são chamadas este cítrico, sob a neblina densa e pesada nos campos rurais de Itaiópolis. Uma paisagem daquelas que a gente aqui do Nordeste só vê em filmes, é adentrar pelo plúmbeo das gotículas , respirar o ar gélido e se deliciar com o frescor e azedinho da tangerina. Uma foto ou vídeo nunca serão capazes de expressar este sentimento de abundância dos frutos generosamente oferecidos no sítio Ebenezer.

Uma geleia de amora, é tão simples, não fosse a incrível história de uma mulher agricultora que teve a coragem de plantar e colher frutos até na política, uma família sozinha cuidando das ovelhas, do pasto, da horta, da agricultura de frutas vermelhas, e da recepção dos turistas como foi no Sítio Campina em Monte Castelo.

Uma pintura de um galinho colorido na parede é tão simples, não fosse a incrível habilidade de uma família de descendentes de poloneses em guardar receitas de seus antepassados por mais de um século, não fossem as mãos artísticas que pintam artes visuais por toda uma comunidade, seja na restauração do Museu e da igreja, e também nas artes culinárias, como foi no Pierogarnia Lis, pequeno e imperdível restaurante em Alto Paraguaçu em Itaiópolis, altíssima gastronomia tradicional. A incrível saga desta família que nos faz acreditar que sim, o interior do Brasil tem charme tão brasileiro, por que é essa diversidade que o faz tão rico.

Um chazinho é uma coisa simples, não fosse a incrível saga de manter viva a tradição indígena da erva mate, da agricultura regenerativa que os produtores estão a cada dia com mais empenho, como vi em Canoinhas. Gelado, frio, chimarrão, tereré ou picolé, erva mate é uma unanimidade, nas praias do Sudeste, no Sul , nas fronteiras e no Nordeste.

É emocionante o empenho das mulheres “faca na bota” para o bem receber, o bem servir, o bem abraçar, cada descida do ônibus era um carinho, um afago, um presente, um chamego, é um povo que vê a vida mudar por causa do turismo rural e do turismo regional, agora só falta o resto do país conhecer o norte de Santa Catarina, o turismo é agregador, o turismo de experiência faz com que olhemos nos olhos e sintamos as emoções, nos faz partilhar a mesa e o pão com os diferentes, num tempo de tanta polaridade extremista e burra, o turismo rural celebra a PLURALIDADE QUE VIBRA, que expande, que abraça.

O olhar simples e gentil da Cris, minha companheira nestes dias gélidos, o olhar determinado da Cintia e da Gláucia, as turismólogas responsáveis técnicas pelo evento, o olhar atencioso do nosso motorista, e de tantos trabalhadores, artistas, artesãos, que transformaram esta FAMTOUR de um acontecimento simples em incrível. Olhar, sentir, provar, viver, a Rota Encantos do Planalto Norte é isso. Olhares que acolhem.

Estendo estas palavras para todas as mulheres rurais, de todo o país, que abrem suas casas e pequenas propriedades para receber turistas, de norte à sul. Desejo que elas recebam com igualdade de oportunidades os investimentos turísticos e econômicos, que elas tanto precisam para que cada dia possamos sentir mais e mais vontade de viajar e com muito mais dignidade para todos.

Entre pés de juremas e araucárias sigo feliz por estes caminhos verdes do Brasil.

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Rota Encantos do Planalto Norte

Rota Encantos do Planalto Norte

Sempre venho aqui incentivar que vocês descubram o interior da Bahia e com roteiros de carro na Chapada Diamantina e Ilhéus e este ano fiz aventuras em Juazeiro, Petrolina, Itaetê e agora em Santa Catarina, com gratas surpresas.

A Convite do SEBRAE e ABRACTUR, associação que faço parte, segui para uma jornada bem diferente, conhecer o Planalto Norte de Santa Catarina.

Minha rota começou começou no Aeroporto de Curitiba, o mais próximo e bem moderno, foi fácil alugar um carro , e acumulei milhas. Road Trip é sempre o melhor, eu adoro alugar carro e ter mobilidade, essa independência de parar em cantinhos gostosos. Acredito que quem mora em Curitiba e arredores devem conhecer o estado vizinho e se esbaldar nesta rota rural cheia de curiosidades.

Segui por 2:40 horas pela BR 116 até Papanduva, ficamos hospedados no Hotel Zenf, receptivo muito bom, quartos confortáveis, com lareira e chazinho para o conforto do frio.

Jantamos no Matinhos, um posto de gasolina com buffet fixo e variedades de sopas, de carnes, sobremesas, tudo, bem completo mesmo.

1o dia – Museu Municipal de Três Barras

Campo Marechal Hermes do Exército

Gruta Santa Emídia com apresentação do “Monge João Maria”

Almoço árabe no Rancho Brasil

Sítio Recanto Feliz

Sítio Campina

Degustação de queijos do Latícinios Castelenese e Pizzas do Espaço 320

2o dia – Café no Hotel Zenf

Ebenezer Pesca e Lazer

Casarão Museu da Memória Regional em Itaiópolis

Alto Paraguaçu e visita na Igreja de San Nicolau

Almoço Polonês no Pierogarnia Lis

Visita Cenpaleo dentro do Museu da Terra e da Vida

Cactário e Orquidário Mafra

Jantar e apresentação cultural no Recanto Machado

Olha … a vontade de mudar a passagem de avião para desfrutar mais de cada cantinho bateu forte. Itaiópolis e Alto Paraguaçu é lindo demais, um distrito quase todo tombado pelo Iphan, cada restaurante era aquela vontade de repetir, tripitir e ficar jiboiando, de tantas delícias.

Já imaginei o Pesca e pague Ebenezer no verão, a delícia que deve ser passar o dia inteiro, foi uma Famtour bem especial, que me encantou os olhos e despertou para o óbvio: o interior do Brasil é lindo, belo, e as pessoas que nos recebem são encantadoras, é turismo de experiência e afetivo, ser recebido pelos donos, em negócios familiares.

Voltei com a mala cheinha, já falei em outros posts, deixa lugar para comprinhas que valem a pena: Pão de centeio e pão de panela de ferro, biscoitos caseiros, erva mate tostada, geleia de bergamota(tangerina), geleia de amora preta, artesanatos, conservas, lenços e xales, carregar comida é comigo mesmo.

A viagem foi em junho de 2025 e a frente fria chegou forte, proteja-se com roupas quentinhas e térmicas, e numa viagem à Curitiba, separa pelo menos 2 dias para explorar o Norte de Santa Catarina, e com crianças deve ser melhor ainda, os Sítios cheios de animais exóticos, pôneis, faisão, é tanta coisa que meus olhos brilharam de ver essa imensa diversidade cultural nesse vasto Brasil.

Nosso agradecimento especial à Cintia Mara, a turismóloga responsável pelo roteiro e todos os apoiadores do trade turístico e do poder público pelo convite e claro, que tem vídeos legais e muitos destaques em nosso instagram @juremacintra

Em breve eu vou detalhando cada lugar, por que todos foram bem especiais.

Voltei pelo mesmo caminho, via BR 116, parei no Mallon Café em Mafra para comer deliciosos croissant e tortas, humm, deu água na boca de lembrar, despachei bagagem via Gol que faz o trecho Ilhéus – Curitiba com ótimo horário de conexão

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