A crise hídrica, queimadas e incêndios que assolam o Sul da Bahia tem entre suas principais causas a seca que já dura 150 dias. Na madrugada desta segunda-feira, após feriado prolongado do ano novo, ITABUNA foi palco de grande tempestade com raios e chuva forte que caiu sobre a região. A Cidade amanheceu com névoa encobrindo ruas e casas, fenômeno conhecido como inversão térmica.
Mas afirmo que um dos motivos é a seca pois a falta de planejamento do Governo para a gestão da água, a cultura do desperdício da população em geral e a tradição de queima do pasto tem contribuído para que a crise hídrica se agrave.
Quem passa pela BR 101 e vê tantos fogos de incêndios perto de fazendas e residências logo nota que o fogo foi provocado e não é acidental. O fogo aparentemente torna o solo mais fértil apenas no primeiro momento, pois com ele se queimou toda matéria orgânica que enriquece o solo. Perde-se fauna, flora e árvores importantes que ajudam na redução do aquecimento global.
Perdemos nossas florestas e matas de cabruca que estão interligados profundamente com os ciclos hídricos, essa prática que acaba com os pulmões do mundo associada ao desperdício da água devido ao consumo irracional das famílias, tem provocado uma seca inigualável na região Sul da Bahia conhecida antes pela fartura de água, rios, lagoas e nascentes.
Cada lixo que jogamos nas ruas contaminam nossas nascentes que vão enfraquecendo, cada copo descartável que usamos, casa latinha de refrigerante e cada kilo de carne que usamos tem um grande impacto no consumo de água, pois são necessários milhares e milhares de litros para sua produção industrial ou em larga escala.
Quando vejo pessoas afirmarem que tem de lavar o carro toda semana para ficar bonito, a frase me soa como algo desesperador. A beleza do veículo é mais importante que a segurança hídrica de sua família, mais importante que o copo de água para beber? Repensar essses hábitos é ver que um pano seco e um bom aspirador de pó em casa deixa qualquer automóvel apresentável e guardar a água da máquina de lavar roupas para essa “faxina veicular” é muito mais racional e econômico.
Dentre os consumos das famílias precisamos abordar a questão do consumo dos condomínios residenciais que se espalham pelas cidades que não exigem nenhum requisito de eco-suficiência como re-uso da água, captação da chuva, bioigestor ou compostagem de resíduos.
Não adianta o Governo construir mais e mais barragens se na ponta da questão, nossas torneiras continuarem abertas jorrando e desperdiçando o líquido precioso da vida. Tais obras nunca serão suficientes para nosso consumo desenfreado, irracional e destrutivo.