Estava muito ansiosa para escrever, cheguei em casa morta de vontade de colocar para fora o meu amor ao Mel de Cacau. Li num site que Suco de Cacau era quase a mesma coisa que o mel e isso mexeu comigo, muito profundamente, então vamos à ODE.
Ó Mel de Cacau
Ó líquido que escorre silenciosamente do fruto ouro.
Quando o facão afiado rompe a casca, tu estás ainda adormecido
Ó tempo, ó céu, ó vento, açoita a polpa branca tão sutilmente, e o faz despertar
Só o olhar atencioso do peão debaixo do cacaueiro é capaz de notar que tu estás ali
Latente, inerte, pronto para irromper
As amêndoas, amontoadas.
Ó tu, que repousa nas folhas de bananeira
Meticulosamente, empiricamente, poeticamente inclinadas nas madeiras calejadas
O tempo… vai mostrando tua mais pura forma
pelas folhas de banana escorrendo até os potes improvisados te encontrar
Tua límpida preciosidade aparecendo em forma de mel
Mel de Cacau, agora eu te vejo, líquido e também viscoso
Não tão consistente como das abelhas, tuas irmãs de mata
Não tão aquoso.
Oras, não és água?
Oras, não és mel?
Doce, muito doce, dulcíssimo e azedo
Tanta paciência para te esperar
tanta pressa para te provar
O tempo te castiga, logo se perde
Não se tem mais nada a perder
Urge te beber, urge se deliciar contigo
Da frieza da folha de banana, o calor em minutos te fermenta
Corre, apressa-te, o Mel está pronto
Tu que és doce e azedo
Tu que és viscoso e aquoso
Tu que serve da geleia ao molho de peixe
Tu que vai do doce ao salgado
Tu que és paradoxal
Tu que és pura dicotomia
Tu que és antagônico
Tu que reúne tudo em um único momento sublime de ser
Mel de Cacau GRAPIÚNA.
Por Jurema Cintra Barreto, advogada militante, viajante, e apaixonada pelas riquezas do Sul da Bahia
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