por Jurema | dez 20, 2016 | Blog, Direito
O advogado itabunense Anderson Sá de Oliveira encontrava-se preso há 07 meses por determinação da Vara Criminal de São Gonçalo no Rio de Janeiro. Sem respeitar suas prerrogativas legais não estava em sala de estado maior como determina o Estatuto da OAB, ficando recolhido em Bangu 8 na unidade para presos de nível superior.
A primeira audiência perante o juízo aconteceu neste último dia 15 de dezembro momento que se fizeram presentes seus advogados Maurílio Neto e Ramayana Melo, os representantes da Oab Rio de Janeiro, da OAB Bahia e do Conselho Federal e Dr. Sanzio Peixoto representando a OAB de Ilhéus, todos trabalhando arduamente nestes meses para a libertação de Dr. Anderson Sá.
O pedido de Liberdade Provisória feito pela defesa foi deferido. Ainda estamos aguardando informações sobre o Alvará de Soltura e seu retorno à Itabuna.
Com certeza foi o melhor presente de Natal para os amigos, colegas advogados e para a família que viveu momentos de angústia profunda.
Leia mais sobre o caso:
Ato Público em defesa de Dr. Anderson Sá
Após transferência para o Rio de Janeiro advogado ficou desaparecido
Bravata e Gravata- entendo a prisão ilegal de Anderson Sá
por Jurema | dez 20, 2016 | Blog, Direitos Humanos
Preciso de feminismo.Violência contra mulher , seja física , psicológica e simbólica não ter cor,
Não tem condição econômica
Não tem profissão
Não tem religião
Não tem idade,
Pelo que vejo em minha atuação como advogada de mulheres o machismo e a violência afeta todas indiscriminadamente.
Como Madonna disse em seu Discurso ao receber o prêmio de mulher do ano, deveríamos parar de nos julgar e nos apoiarmos mais, umas às outras.
Uma Delegada da Mulher foi flagrada numa cena terrível de agressão. Naquela festa a agredida não estava ali como delegada, estava como Companheira, uma mulher que apesar de sua profissão marcante, tem suas fragilidades, emoções, angústias, medos, uma mulher que ama, que sofre, que deve ter suas contradições internas. Ali não se encontrava uma delegada racional, pois quando estamos no meio de um tumulto somos absolutamente passionais, não pensamos, não refletimos. O CULPADO é o agressor.
Sim, temos uma certa cegueira intencional como explica Theodore Dalrymple, não é fácil nos depararmos com a pessoa que amamos e gostamos, e está mesma pessoa em determinado momento, como neste caso em um ambiente público, nos maltratar, desrespeitar, agredir, machucar, e ferir brutalmente uma terceira pessoa.
Amar quem não nos ama, está aí um grande dilema da baixa estima. Ou amar quem acredita que o amor é poder, dominação e agressão. Muitos homens acreditam que esta é a única forma de demonstrar afeto, afetuosidade negativa que muitos tiveram a vida toda em suas casas. Quantos homens e mulheres não viram suas avós, mães e irmãs serem agredidas e repetem o ciclo vicioso de miséria moral, os homens repetem o bater, as mulheres repetem o apanhar caladas. Querem nos fazer acreditar que isto nunca vai mudar e muitas mulheres acreditam que não tem jeito e sofrem caladas anos e anos, um sofrimento incalculável, inominável, que atualmente nos reportamos de machismo e sexismo.
As leis de combate à violência foram e são importantes pois punem e foram construídas com ampla participação popular. As mulheres, com o disk 180, se sentem mais empoderadas de denunciar, mas os casos continuam subindo: eles não param de bater, ninguém vai ao Google baixar a lei antes de te xingar, acredite!
Sou defensora ferrenha da Lei Maria da Penha pois acredito na eficácia das medidas protetivas, mas também acredito que uma mudança de mentalidade dos homens não se dará apenas com o texto da Lei.
Precisamos entender e trabalhar a psiquê desses agressores, urgentemente. Os juízes podem determinar que participem de sessões de reflexão, terapia em grupo, enfim, enquanto a cultura de paz não estiver na mente de homens e mulheres o ciclo da violência se repetirá.
Jurema Cintra Barreto- advogada militante e defensora de Direitos Humanos
Veja também : Assédio de Mulheres em Redes Sociais
Lei Maria da Penha faz aniversário
por Jurema | dez 16, 2016 | Blog, Giro Gastronômico, Turismo, Turismo em Ilhéus
Praias lindas e desertas! Um coqueiro, uma água de coco. Esse é o sonho de muitas pessoas que vem pro litoral baiano passar o verão. O verbo Veranear faz parte de nosso vocabulário entre dezembro e março. Quem escolhe Ilhéus vai tomar um pequeno susto. Aquela cidade do interior pequena e atrasada no desenvolvimento econômico, a muito que não garante nenhuma praia deserta no verão, com pouquíssimas exceções no Norte e no Sul, mas você precisará de carro, claro.
Pois bem, se você não quer levar sustos, prepare-se. Fiz este manual com algumas dicas bem úteis para evitar surpresas, Ilhéus mudou nos últimos anos, a cidade é linda, mas o que falta é infra-estrutura urbana.
1- Você vai enfrentar engarrafamentos.
Como Ilhéus só tem uma ponte entre a “ilha” e o “continente”, os engarrafamentos são constantes, rotineiros e diários, no verão com os carros dos turistas piora muito. Tenha paciência para ir ao Pontal onde tem muitos bares e mais ainda para ira às praias do Sul; Passear no centro também será um esforço, achar estacionamento é difícil. Opte por colocar na frete da Caixa Econômica nova, na beira da baía com Boca.
2- Cuidado com os radares
Agora moro em Ilhéus e trabalho em Itabuna, apenas 30 km de distância, passo por 8 radares, ou seja, 16 vezes tenho de prestar bastante atenção na velocidade; tem radar de 40km, 50km, 60km em diversos bairros e na Rodovia Ilhéus-Itabuna, se você chegar pela Rodovia Ilhéus- Uruçuca também tem muitos radares na Zona Norte. Use o GPS do carro ou Waze em seu celular, evite indesejáveis multas;
3-Faça compras com antecedência
Ilhéus fica muito cheia mesmo, você vai ter de encarar grande filas nos mercados, e o preço pode ser “salgado”, preço de alimentação na cidade nunca foi competitivo, portanto opte chegar a cidade via BR 101(Itabuna), logo na saída para Ilhéus você tem 3 boas opções de auto-serviço: Makro, Maxi e Atacadão e comprando no atacado você fará uma boa economia, principalmente com alimentação e bebidas. Faça estoque mesmo.
4-Sempre pergunte o preço de bebidas nas barracas
Algumas barracas de praia tem o péssimo e ilegal hábito de não colocar preço no cardápio no verão, escrevem “a consultar”, ou simplesmente colam um adesivo; com cerveja isto é frequente, portanto se ver um cardápio estranho sempre pergunte antes para evitar sustos quando a conta chegar. Pergunte também se aceita cartão, acredite, em pleno 2016 Ilhéus tem barracas de praia e restaurantes que não utilizam este meio tão comum de pagamento.
5-Praia à noite não é segura
Diferente de outras cidades em que a Orla é iluminada, em Ilhéus dar aquele pulinho na praia de noite é muito perigoso. No Centro por que o areal é grande, ou seja grande é a distância entre a calçada e o mar e isso provoca insegurança. Relatos de assaltos a turistas desavisados são comuns. As barracas do Sul e do Norte funcionam apenas durante o dia e parar seu carro ou fazer caminhada quando tudo esta fechado não é seguro. Se você está em algum condomínio próximo do mar sempre converse com moradores locais e não se afaste das áreas habitadas.
6- Ônibus cheios e lotados
Se você está visitando a cidade e vai usar o serviço de transporte público prepare-se para enfrentar ônibus lotados, cheios e quentes. Os ônibus municipais ficam lotados principalmente nas linhas que levam às praias. Mesmo usando as linhas intermunicipais, que tem ar-condicionado, como Itacaré que leva ao Norte e Canavieiras que leva ao Sul, também verá ônibus muito cheios, provavelmente viajará em pé, se estiver com crianças e bagagem, a viagem fica muito mais desgastante.
7-Não esqueça da sua carteira do Plano de Saúde
O Sistema de Saúde é muito precário, maternidade só em Itabuna, 30 km distante. Hospitais públicos podem estar lotados, dezembro e janeiro chove muito e somos campeões em arboviroses, se repetir 2016 podemos ter nova epidemia na mesma gravidade. Em Itabuna e Ilhéus a demanda era tanta que foi preciso montar um QG da dengue com atendimento de 1.000 pessoas por dia. Se você tem plano de Saúde não esqueça de sua carteirinha, o Hospital São José e o Hospital de Ilhéus são os maiores da cidade em estrutura.
8- Repelente, repelente, repelente!
Estamos no meio da Mata Atlântica, com belezas naturais incríveis, então mosquitos e pernilongos são comuns e fazem parte do ecossistema. As belas trilhas pedem roupas confortáveis, então: repelente para que te quero. Além do que falamos acima, a infestação de Aedes Agipty é muito alta e por isso eu já ando no carro com o repelente corporal e sempre compro o de ambiente que liga na tomada. Escolha um com maior fixação e que dura mais.
9- Traga seus remédios
Não só a saúde em Ilhéus é precária como o comércio. De noite não fica táxi na porta do hospital, é impensável não é?, mas aconteceu comigo, às 22:40 não tinha táxi na porta do Hospital São José, ou você desce à pé pela rua, ou desce por uma escada escura. Outro problema é que devido aos assaltos constantes não tem farmácia 24 horas. Se você tem doença crônica, passa mal subitamente, traga seus remédios por que no meio da madrugada não vai conseguir comprar. Quem tem filhos menores passa um sufoco imenso. A farmácia Guanabara da Praça Cairu fica aberta até meia noite. (atualizado em dezembro de 2017- abriram uma Drogasil na Avenida Soares Lopes e finalmente temos farmácia 24 horas)
10- Lixo e Som Alto
Você vai para praia relaxar e fazer uma ioga? Procure bem este lugar pois está raro. Som alto e muito lixo no fim do dia são comuns. É incrível a falta de planejamento da Prefeitura de Ilhéus, lixo, sujeira, sacolas plásticas.
Amo a região Sul, chamada de terras Grapiúnas, fico incomodada com a falta de infra-estrutura urbana, uma sucessão de governos mal-sucedidos levou a este caos. Acredito piamente no nosso potencial turístico e na agricultura familiar, enfim, seja atento, cuidadoso e venha, supere esses desafios e conhecerá belezas naturais, gastronomia e pessoas incríveis.
Quer mais dicas de onde comer e o que fazer em Ilhéus ? Então siga nosso Instagram: @juremacintra
por Jurema | dez 12, 2016 | Blog, Consumo Consciente
Não sei o motivo, mas no Brasil muitos acreditam que quem pechincha é avarento, é usurário.
Como em nosso país o preço das coisas não parece real, são impostos embutidos(agora vem no final da notinha, e tomamos aquele susto). Comprei um prato e 50% era imposto, minha nossa, o brasileiro está sem grana para comida e agora nem prato vai ter também.
Enfim, com tantos impostos, juros e taxas embutidas, ao que me parece é que quando você pechincha o preço fica mais aproximado do real.
Pechinchar não é uma prática só de Feira Livre, é um hábito milenar de negociação, lembre-se você é um consumidor, e a empresa está em polo oposto.
Quer ver um exemplo que me incomoda muito, a maioria dessas lojas de franquia não tem margem de desconto. Contudo divide em 6x, 10x. Irrita demais minha sanidade mental, ora, se a loja paga à Administradora de Cartão de 2,5% à 4% de juros ao mês por esta transação na maquininha do cartão , por que não concede o desconto ao consumidor final que paga à vista ou no dinheiro.
Se você leu os outros 8 artigos desta série de Educação Financeira, já parou de comprar, de chorar, parou de parcelar e pagar juros, renegociou suas dívidas,não empresta mais seu nome para ninguém, poupou e agora pode fazer uma compra à vista, no dinheiro.
Não será rápido, nem fácil, mas vai ser Libertador quando você conseguir.
Por que quando você compra à vista, o desconto é maior, a compra é mais avaliada, e você pensa duas vezes em só comprar o que realmente precisa. Seu cérebro se sentirá bem mais confortável, como falei em outros artigos tem pesquisas sérias que mostram que compras parceladas trazem angústia e sofrimento.
Seguem algumas dicas de pechincha:
- Lojas do Comércio Local são mais propensas a dar descontos pois geralmente são familiares e o dono sempre está lá;
- Mesmo sendo Loja Grande pergunte se tem desconto, na Ferreira Costa, por exemplo, se você fizer as compras acompanhada com um vendedor, ele vai fazer uma notinha para você se dirigir ao Caixa, neste momento que ele estiver lançando no computador, o funcionário pode inserir desconto de até 5% para compras à vista. Aliás aquela loja é uma loucura, tem tudo que você imaginar. Se fizer uma reforma, mesmo pequena, e economizar 5% em tudo, no final do seu orçamento , será uma grande economia;
- Nas compras pela internet, se você não tem controle com cartão de crédito(quebre mesmo) e opte pelo boleto bancário, sempre tem 5% de desconto. Na última Black Friday muitos sites aplicaram 10% de desconto para compras no boleto;
- Vai reservar hotel? Confira o Trivago que faz comparações em sites de hospedagens e ligue para o Hotel pessoalmente, às vezes eles te dão de desconto o valor da Comissão do Site, lembre-se negociar e pechinchar é preciso;
- Sempre pergunte em qualquer loja, na hora do pagamento se à vista tem desconto. É uma hábito que você precisa praticar;
- Sempre pergunte também se tem desconto pagando no dinheiro ao invés do Cartão de Débito, ou por Tranferência Bancária, o caixa eletrônico está bem ali ao seu lado;
- Já tive bons descontos em lojas por que paguei com transferência bancária. Assim ter a o Aplicativo do Banco no celular ajuda muito.
- Aprenda arredondar a conta, se o total foi R$ 123,56, sempre pergunte ao caixa se 120 reais paga, de real em real a “galinha enche o papo”. Faça um cofrinho com esses pequenos descontos, final de um ano você vai se surpreender;
- Participe de Bazar e Garage Sale. Estão cada vez mais comuns e melhores, você negocia com a própria pessoa e consegue comprar produtos incríveis. Recentemente me mudei e fiz Dois Grandes Bazares em minha casa, para vender os móveis usados, e sempre, sempre dava desconto para vender mais rápido segurar o cliente!
- Compare preços na Internet, a pechincha virtual consiste nesta pesquisa constante. Fui no Shopping e o livro de Fotografia Gênesis de Sebastião Salgado estava 299,00, um espetáculo, mas “salgadíssimo”, bem que o fotógrafo merece todo valor do mudo, pela qualidade. Ao colocar no Google, fui direcionada para o site da Amazon(hiper-mega confiável) estava 179 reais com frete grátis. 129 reais de desconto com 1 clique no Google, UAU!!!!!
- Pesquise tudo no Google;
- Use sites como Buscapé que faz comparações de preços em várias lojas e mede o nível de confiança da empresa vendedora;
- Sites como Mercado Livre, OLX, tem a opção de falar com o vendedor, pechinche, peça desconto, às vezes comprar no site da própria empresa pode sair mais barato;
- Pechincha virtual funciona mesmo, vir pode ter descontos em passagens aéreas, a Oab tem convênio com a Tam, mas se vc não é advogado use o Google Flights e veja o mapa e calendário com as datas e preços dos vôos, é um comparativo maravilhoso, muitas vezes viajar na terça sai a metade do preço do que na segunda, se sua viagem não é de urgência, a economia é grande.
- Claro, a básica pechincha na Feira Livre, é o melhor lugar para ter descontos, o valor redondo sempre funciona: “freguesa deu 10,50”, você : 10 paga ? Comece a praticar! É uma arte!! Lembre-se de levar sua listinha e só comprar o necessário.
Cinco por cento ali, 10 aqui, 20 acolá, comprando à vista você terá Descontos Bons, economia considerável, e o principal , fará compras de forma muito mais consciente. Está sem grana? Então não compre, a maioria das vezes o problema não é ganhar mais, é gastar menos, verifique onde está o ralo de suas finanças.
Por Jurema Cintra Barreto – advogada militante
por Jurema | dez 11, 2016 | Blog, Literatura, Turismo
Por Jurema Cintra Barreto- advogada e defensora de Direitos Humanos
Advogar é essencialmente caminhar pelo mundo. Nessa vida de audiências e carrascos prazos, visitamos várias Comarcas, cidades, presídios, enfim. Em Ilhéus , nosso escritório fica no Centro da cidade, bem no Calçadão da Marques de Paranaguá.
Infelizmente Ilhéus não tem estacionamento rotativo, a Justiça Federal criou 1000 normas para pararmos lá, enfim estacionar no Centro é complicado e penoso. Em Itabuna depois da Zona Azul não passamos mais por esse suplício pois sempre há vagas.
Eu que tenho tantas ressalvas sobre os flanelinhas, em Ilhéus, apenas em Ilhéus prefiro usar o velho método baiano. Paro no estacionamento “popular” , na frente da Caixa Econômica nova , onde ficavam os trapiches hoje demolidos.
Boca é o nome do flanelinha; sempre sorridente, educadíssimo e em nenhuma momento opressor. Pelo linguajar e comportamento vê-se um lavador de carro diferenciado. Qualquer profissão tem aqueles que se destacam. Todos os dias cedinho ele está lá organizando os carros, orientando, nos socorrendo. Sim, socorro mesmo por que quando você tem uma audiência , um compromisso e não consegue estacionar, é desesperador, por tal motivo e também pela defesa do uso coletivo das vagas é que sou radicalmente a favor da Zona Azul nas cidades. Boca é um trabalhador de tamanha confiança que todos deixam até a chave do carro com ele, um manobrista clássico, que mesmo com todas as dificuldades que a vida deve ter lhe imposto, ele é um anjo naquele centro poluído.
Bem, onde fica a decandência do título do artigo?
Quem estaciona e anda pelo Centro de Ilhéus, vê a miséria humana personificada nos usuários de crack, nos mendigos e favelados, nas pessoas em situação de rua, tão e tão frequentes.
No muro do antigo trapiche que ficou de pé, vemos hodiernamente os usuários de crack, se esgueirando entre o muro e o mangue, para numa pequena fresta atravessar para sua cracolândia particular. Ali no muro, um grafite de porcos de capacete. Homens e mulheres esquálidos, animalizados, tomados pelo vício, absortos.
Ontem vi um homem idoso, ele até parecia meu avô mais moço, imediatamente fiquei em choque. Um idoso! Aquele homem me despertou para o tamanho de nossa decadência. Perguntei a Boca, o lavador de carro, se aquele era frequentadorcomum, por que eu nunca o tinha visto. Algumas figurinhas já são bem carimbadas: uma moça que fica 365 dias do ano grávida, já deve ser o sexto ou sétimo filho nascido na “boca”. Dois homens negros e altos, mulheres esquálidas.
Boca, o lavador que não é da “boca” me fez um relato supreendentemente até então. Uma senhora de 70 anos frequenta a cracolândia de Ilhéus. Agora eu que fiquei absorta. A Prefeitura e sua estrutura social visitam o local frequentemente, assim continuou o relato, mas o poder desta droga não permite melhores avanços.
Fico em dúvida se a Decadência é daquele idoso , ou minha e nossa que não conseguimos enxergar o ser humano, que sentimos medo de gente, que não fazemos pesquisas médicas e farmacológicas para banir o vício, ao invés culpabilizamos, criminalizamos, invisibilizamos essas pessoas. Tanta pesquisa sobre medicina estética enquanto para este grave problema de saúde pública, os pobres só tem alternativas questionáveis como os centros de apoio religioso. Digo os pobres por que famílias ricas, pelo menos, tem à disposição clínicas psiquiátricas bem caras.
E a Decadência de Ilhéus continua visível a olhos nus.
por Jurema | dez 7, 2016 | Blog, Direitos Humanos, Geral
Por Jurema Cintra Barreto
advogada e defensora de Direitos Humanos.
Ainda temos muito que evoluir do ponto de vista humano. O trânsito é um reflexo disso.
Nas obras da rodovia Ilhéus-Itabuna vejo pessoas furando a fila, ultrapassando em alta velocidade acreditando que no sentido oposto nenhum carro virá. E quando Um Fura a fila outros tantos acompanham neste desatino. Não basta uma pessoa errar, tantos repetem e coadunam com o grave erro. Outro dia, um furão, desses que acham que deve levar vantagem até na espera, ultrapassava todos quando vinha um carro com trabalhadores da obra em sentido oposto e tive de ir para o acostamento para que ele não batesse de frente. Eu que estava quase parada, rigorosamente na fila, pacientemente esperando a liberação. Hoje a Parada era na frente da Restaurante do Vil, logo depois da UESC. Dezenas de furões foram para pista oposta e nem tinha sido liberada a passagem. Aí 2 caminhões da obra estavam no sentido oposto e virou um tumulto de carros. Por que além de furar a fila, tem quem ainda queira mais e vai para o acostamento. Ficou uma grande confusão , por que os carros não tinham para onde escapar, já que tinha carros na fila, na pista oposta e no acostamento. Um querendo tirar vantagem sobre o outro. Quem queria “chegar na frente” em nada contribuiu para o transito fluir, ao contrário o atraso persistiu.
Nesta lógica perversa todos saem perdendo, mais tempo para resolver o imbroglio. A falta de ética do trânsito revela muito de nós, todos os dias a ética da virtude de Aristótelrs passa longe de nós, grapiúnas. Um povo sem virtudes como poderá crescer do ponto de vista humano? Vejo na estrada pessoas animalescas: “chegar primeiro, passar por cima de normas”, colocar a vida do outro em risco, nada disso importa, o que importa é o sentimento da “esperteza”. Essa ideia de tirar vantagem sobre tudo já nos mostrou onde pode chegar, o trágico acidente da Chapecoense não foi uma tentativa de tirar vantagem? De economizar? De ganhar mais? De não cumprir normas?