Pare de Parcelar- educação financeira – parte6

Pare de Parcelar- educação financeira – parte6

por Jurema Cintra Barreto

advogada e as vezes psicóloga de alguns clientes


Nesta árdua e longa tarefa de reequilibrar as finanças pessoais é preciso muita mudança de comportamento. Isto não vai acontecer do dia para noite,  se você está lendo nossa série de 07 passos, então você já caminhou , toda grande jornada se inicia com um passo, assim dizem os atletas. E é uma maratona mesmo. Se você é um super endividado, precisamos de super medidas e super-ação também.

  • Não comprar
  • Não chorar
  • Não entristecer
  • Economizar
  • Cortar gastos
  • Deixar hábitos antigos para trás
  • Planejar
  • Poupar
  • Extirpar os juros
  • Não parcelar

É muita coisa, mas se você fizer uma delas em cada mês, já estará se ajudando muito, não espere que algo caia do céu, estranho que quando acontecem “milagres” assim , um dinheiro inesperado, um prêmio na loteria, uma herança, muitas pessoas perdem tudo, por que não sabem lidar com dinheiro. Quantas vezes você já ouviu isso: “Nossa fulano ganhou uma bolada e perdeu tudo”, como pode? Pode sim e é muito comum, a TV vive mostrando ganhadores da loteria que perderam toda sua fortuna pois não sabem administrar. Com o sistema tributário complexo que temos no país quem tem médias e grandes fortunas sempre conta com escritórios especializados.

Você e eu não somos esses milionários, ok? Mas sua casa é seu mundo e você precisa saber administrar seu dinheiro, inclusive se espelhando nos grandes, naqueles que superam tudo(tem a sorte também) e venceram.

Mas a ideia de estar em dia com suas contas e dinheiro e felicidade é muito complexa.

O filósofo, escritor e professor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Jair Lopes Barboza acredita que o ser humano é carente por natureza. “Além das necessidades naturais, temos aquelas criadas pelo mundo do consumo”, aponta. A combinação de tantos desejos, na visão de Barboza, cria um ciclo complexo de satisfazer e gerenciar, que influencia na percepção da felicidade

Para Eugenio Mussak, o que angustia o ser humano não é a necessidade de escolher, mas a percepção de que uma opção pressupõe várias renúncias. Além disso, ele chama atenção para a ansiedade que o descontrole em relação aos anseios materiais pode acarretar. “A insatisfação é ruim quando está vinculada ao consumo desenfreado. Nada contra o consumo, só temos de tomar cuidado para que ele seja minimamente consciente”, diz .

Certa feita eu estava num Grande Mercado e folheava um livro, pelejo para lembrar o título e não adianta, mas li a orelhinha e a introdução. Era uma pesquisa feita por um médico e uma psicóloga sobre o ato de comprar. Eles usaram vários métodos científicos sobre hormônios e satisfação ao se ter coisas e objetos. Quem não gosta de sair com uma sacola novinha da Loja? Mas a frustração posterior quando se chega em casa é terrível, por que você dividiu em MIL prestações suaves, de juros não tão suaves assim.

Fazemos as seguintes perguntas:

  • Eu precisava disto?
  • Eu tinha dinheiro sobrando para gastar?
  • Eu vou usar mesmo?
  • Vai ser útil?
  • No caso de roupa, sapato, acessórios: Combina com o que eu já tenho?
  • É o momento adequado?

Quando as respostas são negativas a sensação de angustia e frustração são terríveis, e a mídia o tempo todo nos impulsiona ao consumo desenfreado, de que para ser belo, feliz e aceito é preciso disto ou daquilo. Começa-se a viver uma FICÇÃO DE DINHEIRO, aquele limite do cartão você não tem, ele não existe, não é seu, ele é um engodo para você dever ao Banco e pagar JUROS. Juros é essência do trabalho bancário, é o coração, a alma.  A compra é fictícia com o parcelamento no cartão ou financiamento no carnê, e você acaba seduzido pelo impulso da prestação baixa. Você compra algo que não precisa com dinheiro que não tem. Juro só é bom se ele trabalhar para você, se você for INVESTIDOR e não GASTADOR.

Na introdução deste bendito livro que me arrependo de não ter comprado para citar adequadamente, os autores falavam sobre o ato de PARCELAR compras. Quando você parcela e se faz essas perguntas acima, se dá conta do erro que cometeu, a aquisição daquele produto, seja barato ou caro seria interpretado pelo seu cérebro como um castigo. Cada mês que você paga aquela prestação parece uma penitência, a sensação de punição pelo Pecado Capital cometido. O bem também se deteriora e isto aumenta a sensação de angustia e arrependimento. Pior ainda quando você compra aquele óculos lindo, caro,divide em 10 vezes e perde ou é furtada? Ave, Santíssima, é como se enfiassem uma faca em seu coração, não é? Uma dor, pela perda de algo absolutamente não essencial à vida!! QUEM NUNCA???

Segundo os autores quando se compra à vista, inicialmente você tem a certeza que o dinheiro irá sair de sua conta bancária em um clique, dentro da própria loja, ou na frente do computador você se faz aquelas 6 perguntas acima, mas ANTES DE COMPRAR e não depois, que é o erro.  Estas 6 perguntinhas são MÁGICAS, se você responder NÃO, em apenas uma delas, a chance de você não comprar é muito grande.

A compra à vista ela se torna mais RACIONAL, você tem de refletir por que o dinheiro vai embora. Ela é planejada, por que você teve se preparar para comprar aquilo, você poupou. Ela tem ponderação, você precisou pensar e não se levou pelo impulso da prestação baixa. Na compra à vista você pechincha, negocia, afinal é uma quantia significativa(mesmo que não seja tão alto, negociar é fundamental). A maioria das lojas no Brasil parcela, então se for pagar à vista peça desconto sempre, DESCONTO é a palavra da sua vida a partir de hoje. Outras empresas grandes não dão desconto, então argumente: ” mê dê os 2,3,4% da taxa do débito e eu pago em dinheiro?” Todo shopping ou até mesmo na rua tem caixas eletrônicos, imagina se tudo na vida você economizasse 4% x 12 meses, é uma quantia razoável. Para minha surpresa entrei em uma grande rede de Material de Construção e se você pegar a notinha com o vendedor do setor, ele aplica de 3 à 5% de desconto à vista, mas se você for diretamente ao caixa não.

Quando você adquire o objeto a impressão de que ele realmente lhe pertence e que você pode desfrutar sem culpas e traumas é muito diferente. A sensação é de que você pode gozar daquele bem sem nenhuma angústia, pode colocar o travesseiro na cama e dormir tranquilo, sem insônia por que a fatura do cartão não vai chegar.

Quer ver outra coisa que só é bom fazer com dinheiro à vista, são viagens. Canso de ouvir pessoas dizerem que a viagem foi ótima, mas quando chegaram a conta do cartão de crédito foi de matar, vai ter de parcelar no Banco, que levou um susto com o Imposto, com  a variação cambial da moeda. Aí tudo que você se divertiu passeando foi por água abaixo, por que você criou um problema. Ao invés de ter lindas lembranças, você tem noites de insônia. Chega o São João do próximo ano e você ainda está pagando a viagem do ano passado. Será que isso vale mesmo a pena? Não era melhor ter economizado e viajar com aquele dinheirinho certo, para gastar com tranquilidade e sem culpas. Conhecer outros lugares é fantástico, mas bom mesmo e viajar e voltar com a conta no POSITIVO.

Dicas de ter desconto em compras à vista:

  • Comprar em sites no boleto é melhor do que passar no cartão, a maioria dão de 5% à 8% de desconto no pagamento no boleto à vista;
  • Veja as etiquetas e placas  das lojas, o valor da parcela e o valor à vista devem estar estampados, mas sempre peça mais desconto, pechinche, fale com o gerente, com o dono;
  • Na Feira Livre, comprando mais de um produto sempre tem um abatimento, 1kg 3 reais, 2kg 5 reais, mas cuidado com desperdício;
  • Sites de busca de preço como Buscapé ajudam a fazer comparativos, veja sempre se a empresa é idônea, cuidado com ofertas mirabolantes ;

Você deve estar a se perguntar, mas eu ainda não tenho dinheiro para fazer isso, então tenha calma, uma TV em 24 vezes no carnê, você pode comprá-la à vista, se pegar o dinheiro desta prestação e colocar na poupança em 10 meses, neste tempo você pensa de realmente está precisando e ainda pode pegar aquelas promoções relâmpago na internet.

O próximo será o último post da série mas já estou ficando na saudade.

Você já aprendeu as Dicas:

Dica 1 – PARE DE COMPRAR

Dica 2- PARE DE CHORAR

Dica 3- PARE PARA PLANEJAR

Dica 4- PARE PARA POUPAR

Dica 5- PARE DE PAGAR JUROS

Dica 6- PARE DE PARCELAR

 

Pare de Pagar Juros – educação financeira – parte 5

Pare de Pagar Juros – educação financeira – parte 5

por Jurema Cintra Barreto

advogada, as vezes psicóloga dos clientes, as vezes administradora da vida pessoal alheia


Os super-endividados estão em todos os lugares. Funcionários públicos, desempregados, autônomos, tem pessoas que ganham 1 salário mínimo e são super-endividado. A capacidade que temos em comprar e não perceber os erros é incrível. Compramos futilidades, compramos por que é fácil parcelar, compramos por causa de promoções enganosas, por modismo, por recalque, por padrões pré-estabelecidos de beleza e de bem estar, tudo relacionado ao consumo não-consciente.

Canso de ouvir essas frases:

  • Parcelar é fácil;
  • O valor total eu não posso pagar, mas a prestação sim;
  • Parcelo tudo, se a loja deixar eu parcelo em mil vezes;
  • Não compro à vista, é jogar dinheiro fora;
  • Comprar parcelado é melhor, à vista seu dinheiro vai embora mais rápido;
  • Não sei viver sem uma prestação;
  • Tenho prestação do carro, da casa, da TV, da geladeira, do celular, do empréstimo, do cartão que parcelei a dívida
  • Pago juros todo mês no cheque especial;
  • Não sei viver sem limite do cheque especial;
  • Cheque especial é minha salvação;
  • Compro no carnê há muitos anos, me acostumei;

 

Se você já falou uma dessas frases, ou já ouviu, realmente precisamos refletir.

O Hábito de comprar parcelado é bem brasileiro, sites e aplicativos como AIRBNB de aluguel de imóveis por temporada para turismo está parcelando também, embora para os usuários brasileiros. Mas é um hábito péssimo. você conhece o Peter Adeney? Eu também não até ver várias matérias dele em revistas aqui no Brasil, ele com 30 anos está aposentado pois economizou, em seu blog dá dicas de educação financeira. Ele descreve bem como deixamos nosso dinheiro ir pelo ralo. Um de seus conselhos é que a única coisa que vale a pena comprar parcelado é sua casa, este é o único financiamento que vale a pena, pois seu imóvel valoriza a cada dia.

Aqui no Brasil a mania de parcelar, nos leva a pagar juros inimagináveis e abusivos que acabam parando em Tribunais, principalmente nos juizados de Defesa do Consumidor de todo o país, provocando um inchaço na máquina judiciária estatal.

Mas tem solução sim. Você já deixou de comprar, já parou de chorar, pois tristeza não paga dívidas, já colocou no papel tudo que deve, parou para planejar, poupou um pouco. Claro que algumas dívidas estão crescendo no banco ou te incomodando são elas:

  • Cartão de Crédito
  • Cartão de Lojas
  • Cartão de Mercado
  • Cheque especial
  • Empréstimos comuns
  • Empréstimos consignados
  • Empréstimos descontados em conta corrente ou poupança
  • Empréstimos em boleto, cheque ou carnê
  • Financiamento de Carro
  • Financiamento de Imóvel

Destes todos, o único que vale a pena você fazer, e ficar rigorosamente em dia, é o Financiamento de Imóvel que é um bem durável.

Cartão de crédito é uma dívida terrível pois cada vez que você só paga o mínimo a dívida do próximo mês fica cada vez maior, as taxas de juros tem sido bem altas. Se seu nome já está sujo, então tenha coragem e corte esses cartões. Em 60 dias de atraso eles serão automaticamente cancelados. Nos próximos 90 dias será bem chatinho mesmo, muitas ligações de cobrança(bloqueia o número), enfim, se se última Fatura foi de 1000 reais, em 30 dias chegará uma de 1500, 60 dias, 2000 reais e 90 dias 2500, é um negócio de louco mesmo, mas se você não tem dinheiro , está absolutamente quebrado, como fazer para pagar? Com 180 dias de inadimplência o banco faz cálculos estatísticos de probabilidade em receber esta dívida, quanto mais tempo passa maior o desconto que o banco vai lhe dar. Então depois de 180 dias de cancelamento começam chegar as cartas com propostas de acordo. Mantenha seu endereço atualizado, mesmo que não vá pagar ainda, para receber as tais cartinhas. Com 360 dias de inadimplência os descontos são maravilhosos. Lembro bem de um cliente que as faturas propostas iniciais era de 10 mil reais, 12 mil, depois de 2 anos quitamos a dívida por 1200 reais à vista.

Não vale parcelar de jeito nenhum. Lembre do porquinho ou da poupança do post anterior, use eles quando o desconto à vista for imperdível mesmo. Assim você vai se livrar de toda essa gordura. Algumas pessoas não deviam ter cartão em hipótese algum pois são compradores compulsivos.

Cartões de Loja vão pela mesma linha de pensamento. Corte todos, você precisa aprender a comprar à vista ou no boleto. Prestação é um hábito muito mal que precisa ser extirpado de sua vida. Cartões de Loja tem a mesma política, quanto mais tempo devendo, maior o desconto, quando você paga o acordo, sabe o que acontece? As lojas ficam de procurando para você reativar, fazer um novo, te oferecem, manda pra sua casa sem você pedir(prática ilegal), é nessa hora que você dizer NÃO, que sua vida vai mudar. Eu só entro numa loja se eu precisar de algo, se o preço for bom e se eu tiver dinheiro integral. Não tenho a quantia? Bye Bye, deixa para próxima. Esse tipo de dívida também é negociável, tem setores na loja e na internet nos Mutirões on-line também é prático e menos constrangedor pois ninguém fica ouvindo sua conversa no meio do shopping.

O cheque especial, falamos anteriormente também, tire seu salário desta conta-monstro que devora tudo. É direito do trabalhador ter sua conta salário gratuita, conforme Resolução do Banco Central, mesmo que seu nome esteja sujo ou você deva ao banco. Deixe a dívida lá, e negocie o encerramento desta conta, ou quitação dos débitos, no final do ano os Bancos sempre fazem campanhas promocionais, vale a pena pegar aquelas senhas, tomar um chá de cadeira e tentar ver o tamanho do desconto à vista.

Claro que é horrível ficar devendo, o gerente te ligar, as empresas de cobranças chatas que fazem ameaças, mas elas são abusivas e ilegais em sua maioria. calma, aos poucos você vai quitando banco por banco e esse terremoto vai passar.

Os Empréstimos consignados são com tarifa pré-fixadas e vem com desconto direito no salário, mas cuidado com os renovações automáticas de empréstimos, muitos bancos lhe dão uma diferença em dinheiro, como se fosse um novo empréstimo e vão aumentando as prestações, é uma coisa impressionante. Mas é possível sim baixar os juros e as prestações, com a PORTABILIDADE, vá em outros bancos e faça cotações. Bancos públicos muitas vezes compram sua dívida por juros bem menores, certa feita uma cliente fez portabilidade de várias dívidas em diferentes bancos, levou tudo para o BB e de 52 parcelas que ainda restavam iria pagar 48. Qualquer valor que você economizar é muito. Você está numa guerra e nesta guerra os centavos e reais valem ouro.

Os Empréstimos em carnê , boleto, e descontados em conta são famigerados em ter cláusulas abusivas. Peça sempre a cópia, nunca assine páginas em branco, e cuidado com tarifas como Taxa de Cadastro, Taxa de abertura de crédito, taxa de registro, “outros”, já peguei um contrato com esta palavra “outros” 3000 reais. Claro que a justiça revisou e considerou abusiva.

Financiamento de carro é uma dívida das mais burras que existe e daquelas que todo brasileiro faz sem pensar. As taxas praticadas são tão altas que mereciam um prêmio para quem inventou a Alienação Fiduciária . Você compra um carro, paga 2 e se atrasar uma prestação paga taxas indecorosas. QUEM NUNCA NÃO É. Aff, meu maior erro foi comprar um carro financiado, mas a gente pensa:

  • estou cansada de andar à pé
  • não aguento mais andar de ônibus
  • um carro vai ser tão útil
  • eu posso pagar a prestação
  • vai descontar a prestação de meu salário

E aí tem pessoas que fazem financiamento em 60/72 e até 90 meses, é um desespero, por que quando você compra um carro tem de pensar o seguinte: a despesa da prestação + seguro + gasolina + manutenção + óleo + peças + imprevistos. Então se sua prestação é 700 reais, você vai gastar uns 1400 em verdade. Carro é um filho, diz o ditado e durante este tempo todo muita coisa pode acontecer e você se apertar, doença, demissão, redução de ganhos, acidente…. enfim…

Atendi um cliente que deu 5.000 de entrada e pagará mais 48 parcelas de 1.000 reais, 53.000 reais por um carro que vale 30.000. Aí falei com ele a seguinte opção. Ele já tinha 5000, em dois meses de “prestação” ele poupava mais 2000 e com 7000 ele comprava um Ford KA usado. É antigo, mas é seu, dormiria com a consciência tranquila de não ter nenhuma dívida, Aí ele poupava esses 1000 reais por mês e no final de um ano, ele dava o Ford Ka de entrada e já comprava outro bem melhor. Sem dívidas. O problema é que carro no Brasil é status, é objeto de desejo de consumo e não veículo de transporte como outro qualquer. É um símbolo da cultura consumista em que o ter é mais relevante que o ser, em que o essencial são os bens materiais e não os valores e princípios universais. Hoje este cliente está desempregado, inadimplente e sem condições nem de pagar a gasolina. É a situação de milhares de brasileiros. Ainda corre o risco de ter o carro apreendido judicialmente pelo Banco Credor.

Você andou tanto tempo a pé, pegue o valor da suposta prestação e faça uma poupança forçada, ainda existe a opção do Consórcio. Com aqueles 5.000 reais meu cliente dava um lance, pagaria cerca de 20% de juros e taxa de administração contra quase 100% do financiamento, mesmo que pós-fixado.

Conheço diversas pessoas que ficam com seus carros escondidos, colocam na casa de parentes e amigos para evitar a Busca e Apreensão, é uma situação delicada, pois respondem na justiça de qualquer forma. Aí tem outro pulo do gato, é que você tem direito de se defender nesta ação, contrate um advogado, ou se não tem condições procure um defensor público. Com a sua defesa apresentada você pode purgar a mora ou apresentar Reconvenção(pedidos contra o banco) e até baixar juros, a depender se o contrato tem cláusulas abusivas.

Por favor, NUNCA MAIS em sua vida faça um financiamento de carro, é um poço sem fundo de juros. Tem gente que nem terminou de pagar o carro, já compra outro, aí o financiamento tem de cobrir a restou da dívida do primeiro e o valor total do segundo, é um samba na minha cabeça. Vejo as pessoas com seus carros usados mas quitados, até carros simples e tão feliz pois o saldo na Conta está POSITIVO, cuida bem do carro, o vê como meio de transporte, de diversão, já outras pessoas com seus carrões chiques e o banco na Porta, o Oficial de Justiça, as prestações atrasadas que não te deixam dormir, que te estressam, que faz você ir no médico, no psicólogo.  Tenho um amigo que é psicólogo e administrador de empresas, ele me confidenciou que as vezes na consulta percebe que o problema da pessoa é organizacional e financeiro, mas que psicológico ou psiquiátrico, sai do divã, sentam na mesa e vão fazer conta, planilha, ensina a pessoa fazer anotações das despesas fixas, aquilo que falamos antes no capítulo do Palejamento. Esse tema ainda é tabu, nossos pais nem sempre nos ensinam, a gente até vê, os pais certinhos, mas o como fazer, o por onde e principalmente o que NÃO DEVO FAZER JAMAIS é preciso explicitar mesmo.

Eu sou advogada e lidei com essas questões tanto em minha vida pessoal, sim já errei muito, e diariamente em minha vida profissional, quando os clientes me procura com esta questão de super-dívida é algo que me incomoda, que sei que é possível superar, por isso escrevo essas tão grandes linhas. É uma daquelas oportunidades que o Direito nos dá de fazer justiça e de levar a felicidade às pessoas. Em muitos estados as Defensorias Públicas já tem núcleos de atendimento aos super-endividados, é um tema recorrente. Se sua cidade não tem Defensoria procure o PROCON ou o Juizado de Pequenas causas  ou um advogado de sua confiança. Com certeza o Código de Defesa do Consumidor vai lhe ser útil em algum momento desta caminhada.

Juros é tudo aquilo que você suou, trabalhou e deu de graça ao Banco. É seu esforço e suor diário na luta do dia-a-dai ser jogado no lixo, em verdade ser jogada no lucro das grandes corporações financeiras.

Você já aprendeu

Dica 1 – PARE DE COMPRAR

Dica 2- PARE DE CHORAR

Dica 3- PARE PARA PLANEJAR

Dica 4- PARE PARA POUPAR

Dica 5- PARE DE PAGAR JUROS

 

 

Pare para Poupar – educação financeira – parte4

Pare para Poupar – educação financeira – parte4

por Jurema Cintra Barreto

advogada e as vezes psicóloga dos clientes


Esta é a quarta postagem do tema dos super-endividados. Acho que os leitores estão gostando pois no Facebook já são dezenas de compartilhamentos e isso nos incentiva a continuar escrevendo.

Vamos recapitular. Você já parou de comprar, principalmente supérfluos, parou de chorar e parou para planejar e esboçar suas dívidas. Agora vamos falar sobre poupar. (mais…)

Pare para Planejar – educação financeira – parte3

Pare para Planejar – educação financeira – parte3

por Jurema Cintra Barreto

advogada, militante em Direitos Humanos e as vezes psicóloga dos clientes


Nos posts anteriores você viu que é preciso Parar de Comprar e Parar de Chorar para equilibrar suas finanças. Geralmente os super-endividados que atendo compram sem parar, no seu cartão de crédito, no cartão do primo, da irmã, da mãe, da vizinha, do amigo de trabalho. Quando não tem mais crédito compra fiado, pendura, parcela no cheque, divide em 15689 prestações(parece as Organizações Tabajaras do programa humorístico Casseta e Planeta). (mais…)

Pare de Chorar- educação financeira – parte2

Pare de Chorar- educação financeira – parte2

por Jurema Cintra Barreto

advogada, militante em Direitos Humanos e as vezes “psicóloga” de alguns clientes


No post anterior você viu que se não parar urgentemente de Comprar suas finanças que já estão no beleléu vão se afundar mais e mais. Acredite esse poço é bem fundo. Problemas financeiros já são a principal causa de Divórcio, Depressão, Faltas no Trabalho, Suicídio, entre outros. É grave mesmo e é uma epidemia brasileira, 41 milhões de pessoas com nome sujo segundo a SERASA. Um deles é você, mas se está lendo este artigo já temos uma chance de mudar. Falo tanto de experiências pessoais quanto profissionais da advocacia atendendo os super-endividados.

Se você não entender que este local que se meteu foi por sua única e exclusiva responsabilidade vai sempre querer achar culpados e nunca achará soluções, e a culpa é um fardo pesado demais, vejam as frases que mais ouço:

  • Foi meu primo que pediu emprestado o cartão
  • Foi meu marido que me endividou
  • Foi minha vizinha que sujou meu nome
  • Foi por que eu gosto de ajudar
  • Foi por causa da promoção, eu não calculei os juros
  • Foi a doença de minha mãe, tive gastos inesperados
  • Foi a Faculdade que aumentou demais
  • Foi a Presidente
  • Foi por que eu fico nervosa e não sei como negar, aí emprestei meu nome
  • Foi por confiança demais, meu namorado comprou um carro em meu nome
  • Foi por que meu negócio foi sabotado

Sim, algumas pessoas podem ter sido desonestas contigo neste caminho, mas ninguém colocou uma arma em sua cabeça. Tomar consciência que os ERROS foram cometidos por nós mesmos e sabendo da sua responsabilidade, sem se martirizar, ainda mais, e, finalmente procurar as SOLUÇÕES. Aprender com nossos próprios erros e NUNCA, nunca mais repeti-los. Dizer não é difícil, mas é um exercício que precisa ser feito todos os dias, tem ditado antigo assim ” Quem empresta, não presta”. Todas as vezes que emprestamos nosso nome, além de ficar sujo na praça ainda nos indispomos muito com a pessoa que não cumpriu o acordo, amizades são perdidas, brigas familiares são travadas. Paremos de chorar leite derramado e vamos à luta.

Leia sites de educação financeira. Leia blogs de pessoas que venceram estas dificuldades, como o Fly, coreógrafo da Xuxa. Veja matérias na televisão sobre o assunto. Descubra o seu caminho. Não existe receita pronta, mas existe milhares de possibilidades para você tentar e que dão certo com muitos e muitas por aí, por que não daria certo contigo. Informação é primordial. Abandone um pouco o Facebook e o Instagram, pois ver fotos de seus amigos viajando não vão pagar suas dívidas e essa felicidade toda em redes sociais é um tanto fictícia, montada e manipulada. Leia, converse, quanto mais você souber sobre o tema, mais recursos terá em suas mãos. Prazer mesmo é não ter dívidas, ter amigos e bons livros de cabeceira.

Chorar não paga dívidas, aliás a Mara Luquet, a consultora de finanças da TV fala exatamente isso em seu livro “Tristeza Não Paga Dívidas”. Chorar e ficar esperando um milagre não vai acontecer não adianta.  Tem gente que ainda pega o pouco que tem e gasta em jogos de azar, outro dinheiro jogado fora. Se não é um recurso extra, nem pela diversão você está perdendo a oportunidade de poupar.

Se você é funcionário público, pare de chorar e de comprar e de fazer empréstimos. Passe uns meses de aperto, mas acabe com este hábito. A vida é instável por mais que um concurso pareça tão maravilhoso assim. Surpresas financeiras podem acontecer com qualquer um. Você vai sair dessa. Se não consegue sozinho, desabafa com um amigo de sua confiança. Dá medo mesmo não é? Algumas clientes choram muito quando vem no escritório para resolver alguma questão dessas super-dívidas. Eu repito: VAMOS MATAR UM LEÃO A CADA DIA. É uma sensação de impotência terrível, você luta tanto, passa numa prova difícil, ganha até bem, mas não consegue ter uma vida razoável, não consegue ser bem sucedido como o vizinho da mesa do escritório. Primeiro vamos ter cuidado com o Recalque, aí só a psicologia mesmo, a grama do vizinho sempre será mais bonita. A segunda coisa é que isso acontece com qualquer pessoa, uma honesta, uma pessoa batalhadora, “trabalhadeira”, mas em algum momento você se perdeu, não foi, algum golpe inesperado da vida, uma viagem mal planejada, um eletrodoméstico comprado na prestação a perder de vista, um acidente? Enfim, o que você precisa é aprender com os erros, se errou ao comprar financiado objetos não-duráveis, nunca mais faça isso em toda sua vida. Parou?????

Se você tem carteira assinada ou é autônomo também terá de parar de comprar, parar de chorar um hora. Procure alguma renda extra. Faça um bico, numa festa, num evento, venda sonho(Palmirinha começou assim), revenda algo que não precisa de investimento inicial, do tipo se sua amiga vende Mary Kay, faz uma parceria, venda para ela e peça uma porcentagem menor. Não tenha vergonha, como falo sempre vergonha é não fazer NADA, vergonha é ficar de braços cruzados. Trabalho sempre é algo muito digno.

Só que se você parou de comprar, parou de chorar e está se movimentando, lembre-se que esse dinheiro extra é para pagar as dívidas e não para comprar mais. Fez um bico, pague a conta do açougue, da farmácia, a luz atrasada. Conversar com os seus credores também é bom, pois isso lhe dá credibilidade, a mentira e enrolação vai piorar seu estado emocional.

E apoio  emocional é tudo que a gente precisa nestas horas. Um colo, uma palavra de afago e descobrir que somos fortes sim e que apesar de demorar um pouco esta tempestade vai passar.

Dica 1 – PARE DE COMPRAR

Dica 2 – PARE DE CHORAR