por Jurema | jan 5, 2016 | Geral
A crise hídrica, queimadas e incêndios que assolam o Sul da Bahia tem entre suas principais causas a seca que já dura 150 dias. Na madrugada desta segunda-feira, após feriado prolongado do ano novo, ITABUNA foi palco de grande tempestade com raios e chuva forte que caiu sobre a região. A Cidade amanheceu com névoa encobrindo ruas e casas, fenômeno conhecido como inversão térmica.
Mas afirmo que um dos motivos é a seca pois a falta de planejamento do Governo para a gestão da água, a cultura do desperdício da população em geral e a tradição de queima do pasto tem contribuído para que a crise hídrica se agrave.
Quem passa pela BR 101 e vê tantos fogos de incêndios perto de fazendas e residências logo nota que o fogo foi provocado e não é acidental. O fogo aparentemente torna o solo mais fértil apenas no primeiro momento, pois com ele se queimou toda matéria orgânica que enriquece o solo. Perde-se fauna, flora e árvores importantes que ajudam na redução do aquecimento global.
Perdemos nossas florestas e matas de cabruca que estão interligados profundamente com os ciclos hídricos, essa prática que acaba com os pulmões do mundo associada ao desperdício da água devido ao consumo irracional das famílias, tem provocado uma seca inigualável na região Sul da Bahia conhecida antes pela fartura de água, rios, lagoas e nascentes.
Cada lixo que jogamos nas ruas contaminam nossas nascentes que vão enfraquecendo, cada copo descartável que usamos, casa latinha de refrigerante e cada kilo de carne que usamos tem um grande impacto no consumo de água, pois são necessários milhares e milhares de litros para sua produção industrial ou em larga escala.
Quando vejo pessoas afirmarem que tem de lavar o carro toda semana para ficar bonito, a frase me soa como algo desesperador. A beleza do veículo é mais importante que a segurança hídrica de sua família, mais importante que o copo de água para beber? Repensar essses hábitos é ver que um pano seco e um bom aspirador de pó em casa deixa qualquer automóvel apresentável e guardar a água da máquina de lavar roupas para essa “faxina veicular” é muito mais racional e econômico.
Dentre os consumos das famílias precisamos abordar a questão do consumo dos condomínios residenciais que se espalham pelas cidades que não exigem nenhum requisito de eco-suficiência como re-uso da água, captação da chuva, bioigestor ou compostagem de resíduos.
Não adianta o Governo construir mais e mais barragens se na ponta da questão, nossas torneiras continuarem abertas jorrando e desperdiçando o líquido precioso da vida. Tais obras nunca serão suficientes para nosso consumo desenfreado, irracional e destrutivo.
por Jurema | dez 18, 2015 | Blog, Consumo Consciente, Help Horta
Planto, colho e como minha própria salada orgânica. Ter tomate, alface, couve, manjericão, e hortelã, fresquinhos e sem agrotóxico todo dia é um prazer imenso. É mais simples do que muitos imaginam.
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por Jurema | dez 12, 2015 | Blog, Consumo Consciente, Direito, Direito Previdenciário
Na tarde desta sexta-feira, dia 11 de dezembro, o advogado Martone Maciel foi eleito por aclamação o primeiro presidente da ASBAP-Associação Sul Baiana de Advogados Previdenciaristas, fundada na mesma oportunidade. (mais…)
por Jurema | dez 9, 2015 | Blog, Direito
Depois que uma mãe colocou em uma rede social que não iria ser assistente pessoal de sua filha, quando criticou um Grupo de Whatsapp de mães do colégio em que a mesma estudava, fez muito sucesso e fiquei a refletir sobre seus motivos e associá-los à minha vida de advogada militante.
O grupo de mães trocava ideias de livros, lembravam dos deveres escolares, comentava sobre os professores, veja a matéria completa na BBC.
A filha não tinha mais responsabilidades , por que tudo os pais discutiam, sabiam de todos os eventos e faziam tudo por seus filhos que se tornaram coadjuvantes ao invés de protagonistas na sua própria educação. Noélia, a mãe, recebeu muitas críticas e muitos apoios, como tudo na pseudo-democrática internet.
Então me veio algumas reflexões sobre minha própria profissão de advogada e os famosos grupos de Whatsapp. Como qualquer pessoa de meu tempo participo de alguns, mas depois de muito tentar acompanhar as milhares de mensagens que vão desde temas jurídicos, irritantes mensagens de bom dia até o proselitismo religioso contumaz, descobri algo incrível.
Descobri que não sou Deus! Isso, descobri que não sou onisciente, nem onipotente, nem onipresente. Caros leitores, resguardando minha sanidade mental penso que em breve estarei me desconectando deste “monstro” que se tornou a rede social Whatsapp.
Nesta descoberta fantástica de que não tenho poderes sobrenaturais para ler tudo que me enviam, estar em todos os grupos ao mesmo tempo, acompanhar em tempo real as contra-producentes discussões jurídicas sobre o campeonato brasileiro, também descobri que não tenho como trabalhar 24 horas por dia para meus clientes que mandam mensagens “oraculares” as 11 horas da noite sempre com a mesma frase: “E aí, meu processo? Alguma novidade?”
Realmente eu fico curiosa em saber qual a novidade que posso dar a alguém às 23 horas a não ser o óbvio: senhor seu advogado precisa de uma boa noite de sono para produzir amanhã e trabalhar em seu processo. Uma amiga me confidenciou que até desliga o celular de noite, afinal se receber uma notícia ruim, como a morte de uma parente longe, o que ela poderá fazer? Sair de madrugada nervosa e sozinha numa estrada escura é que não vai acontecer.
Esta ideia de estarmos conectados o tempo todo de forma onipresente é falaciosa, os aplicativos sugerem isto, uma conexão extrema, uma presença constante, mas estranhamente pessoas que ficam muito tempo conectadas virtualmente estão cada vez mais desconectadas presencialmente. Comum vermos pessoas com 5000 amigos no Facebook e ninguém para tomar um sorvete no fim de semana. Conversamos com estranhos na internet e não damos bom dia à ascensorista do elevador que vemos todos os dias.
No caso dos Grupos de Whatsapp de advogados e advogadas as discussões jurídicas que deveriam ser saudáveis já geraram inimigos mortais e até ameaças de processos reais. Mas o que mais se assemelha aos caso do desabafo da mãe espanhola que se recusava em ser assistente da filha? É que os grupos viraram exatamente isto, assistente de advogados. Perguntas do tipo: Alguém tem o telefone de Dr. fulano? Alguém tem este modelo de petição? Alguém sabe se o fórum vai abrir hoje? Qual juiz está na Vara hoje? Qual o endereço do Juizado? Entro com liberdade provisória ou HC? Tudo isso poderia achar no Google ou no site da OAB ou numa simples ligação ou nos livros, mas por que quero perguntar a um grupo de 100 pessoas? Por que quero encontrar esta informação trivial na mente de 100 pessoas? Por que devo dar estas respostas à perguntas preguiçosas?
É certo que tais ferramentas são extremamente úteis e melhoraram muito nossa comunicação, o escritor Humberto Eco afirmava, no início da expansão da internet, que superar o lixo virtual era o grande desafio, quase 90% do que vemos ou temos acesso é absolutamente inútil.
Pouco vemos de trocas de ideias e experiências que nos tragam algo de novo. Não sou oráculo por isso ando cansada de grupos de Watsapp. Não sou assistente pessoal de ninguém, não sou Deus, não sou Oráculo e o mundo real do direito está lá “fora da casinha” para ser vivido e experimentado.
por Jurema | dez 9, 2015 | Blog, Direito, Direitos Humanos, Geral
Fui nomeada como advogada dativa, ou seja, paga pelo Estado para defender um ex-prefeito da Região Sul da Bahia pelo desvio de verba do Programa da Dengue e Endemias cerca de 15 anos atrás. Hoje ele está doente, é muito idoso e não tem condições de pagar um advogado, o Estado me nomeou. Quando vejo os casos de Microcefalia associada ao Zica Vírus, as mães desesperadas e médicos lutando por essas vidas, vem a reflexão: CORRUPÇÃO MATA MESMO. Se o dinheiro da dengue tivesse sido bem empregado não estaríamos vivendo esta calamidade. Me sinto um pouco vilipendiada como profissional do direito pois tenho de defender esse ex-político, mas o compromisso ético que assumi com o recebimento de minha carteira da OAB e a lei penal fala mais alto nesta hora.
Jurema Cintra – advogada militante de direitos humanos.