Sempre que viajo para qualquer lugar fico naquele desejo de comer o que é típico, as frutas endêmicas, os “achadinhos”.
Sinto que falta despertar esse desejo aos viajantes do Sul da Bahia, então vamos listar as delícias que geralmente só achamos aqui, ou que ganhou morada permanente em Ilhéus e vale cada garfada:
1- Mel de Cacau e todos os seus derivados, drinks, geleias, melaço, tudo mesmo;
2- Chupar o fruto do cacau, é tão doce e ácido ao mesmo tempo, eu amo;
3- Caranguejo;
4- Lambreta (concha, um molusco bem típico da Bahia, tem opções aferventada com caldo ou grelhada na chapa;
5- Catado de Aratu, é um catado do crustáceo chamado Aratu, um caranguejo menor e roxo, que vive no meio das árvores do manguezal, saborosíssimo;
6- Biribiri, é uma fruta indiana(quase morro ao descobri), mas é muito utilizada em drinks, saladas, moqueca, pra tudo se usa biribiri, como se fosse um limão;
7- Peixe Sororoca, ahhhh , se você nunca provou vai adorar;
8- peixe Robalo, este é mais comum, contudo pescado do dia e sem congelar, é um frescor sem igual;
9- Jambo;
10- Jaca;
11- Abiu;
12- Pinha do Cacau;
13- Muapen – outro molusco endêmico daqui no Sul da Bahia;
14- Beiju de Puba assado na palha de banana, é comida indígenas, faço compra semanal na feira livre;
15- Beiju de coco molhadinho, na palha de banana;
16- Acarajé, sim, temos excelentes baianas, minhas preferidas são Judith na Praça São João Batista no Pontal e Cecília, na Avenida Lomanto Junior, próximo do Pontal Praia Hotel;
17- Cocadas, sim, são tantos sabores deliciosos , tem as inovações e tem as tradições, como a de cacau;
18- Alferes- é um docinho que adoramos comer na praia;
19- Ostra crua na praia … eu amo, e me jogo mesmo;
20- Caruru e vatapá;
21- Comida libanesa, aqui tem muitos descendentes, então a comida “árabe”, ou libanesa são de excelente qualidade;
22- Cuscuz de milho, sim comemos muito no litoral também.
23- Sucos de frutas como graviola, cupuaçu, pitanga, acerola, mangaba, cacau, tudo da fruta puríssima, suco na Bahia é uma “benção’;
24-Guaiamun – caranguejo azul, existem regras rigorosas, e vale a pena comer onde é permitido;
25 – PITU – êita, deixei por último por que dá água na boca comer este camarão de água doce com influência do mar, endêmico do Sul da Bahia, uma iguaria sem precedentes, eu sou apaixonada por completo.
Não tem foto, por que preciso deixar vocês na vontade de olhar, provar, deliciar e só sensorialmente sentir isso. tem muitos posts aqui neste blog na sessão Ilhéus. tem indicações de ótimos lugares para comer tudo isso, são 25 motivos de você comer bem, gostoso e com muita cultura carregada na mesa, são homens e mulheres do campo que guardam saberes preciosos; são pescadores e marisqueiras que trazem a riqueza do mar com suas mãos habilidosas, valorizem a nossa culinária grapiúna.
O Umbu é uma fruta tipicamente brasileira, endêmica, por que só nasce no bioma Caatinga. Eu nasci em Seabra, no coração da Chapada Diamantina e centro da Bahia. Desde criança eu ficava sonhando em chegar o mês de dezembro, não só por causa do Natal, dos presentes comerciais, mas dos presentes naturais. Dezembro é mês de umbu e de mangaba, mas, sobre as mangabeiras, serão outras escritas.
Após provar um chocolate de umbu eu senti uma vontade avassaladora de escrever, dentro de mim algo estava pujante, deixei até de ir num compromisso ambiental, por que as palavras estavam me dominando.
Voltemos a infância em Feira de Santana, onde tem umbu, mas são mais tímidos, árvores menores, tinha muito mais cajá, então eu ficava sonhando com a viagem para Seabra na casa de vovó Amélia e chegar na feira e ter aqueles umbus enormes que vinham de Oliveira dos Brejinhos ou da Prata . Quando comecei a andar por Irecê e Jussara, e, descobri a roça de tio Licínio, foi uma paixão avassaladora, cada umbuzeiro digno de batismo e tombamento. Assim como na cidade de Sabará alugam 1 pé de jabuticaba para chupar, deveriam fazer com o umbuzeiro. É tanto umbu gostoso e diferente que fico imaginando a injustiça e tristeza de bilhões de pessoas no mundo que desconhecem este alimento. Partindo desta ótica, eu sou privilegiada demais, conheço centenas de pés de umbu.
Da infância para adolescência, parece aquela passagem de tempo de novela brasileira, mas com uma marca indelével, os dentes manchados de umbu, e desgastados, cada dia os dentes frontais mais deformados e quase sem solução, doíam e muito chupar umbu e tem as técnicas ancestrais de morder o galhinho novo de umbu para a resina proteger os dentes. Fiz tudo isso e faço, mas o desgaste vem.
Nada resolveu, fui até a idade adulta sofrendo com idas ao dentista e as técnicas de chupar umbu com uma faquinha na mão viraram rotina, por que agora sou proibida de morder virulentamente o fruto, é tudo descascado com a faca afiada e colocado na boca com cautela. Andanças e andanças mil, até que me mudo para Ilhéus, para estudar direito. Aqui não tem umbu, aqui é Mata Atlântica e Cabruca cheinha de cacau. Outro fruto entra em minha vida. Mas, na Bahia, tem a história dos ambulantes, então chega umbu nos carrinhos de mão, nas ruas do centro, na feira livre, mas nada se compara a chupar no pé, com aquela casca verde crocante, é uma sensação inigualável, única, um deleite aos ouvidos o “croc croc”, um sabor irresistível do cítrico e do açúcar. Chupar umbu no pé deveria ser atração turística com cobrança de ingresso e ticket.
Belo dia, descubro que meu pai escreveu um cordel com o título : “SE UMBUZEIRO FALASSE”, é uma obra prima da escrita e da poesia popular, Marialvo é geógrafo e chapadeiro de Ipupiara, amante da caatinga e conservacionista. Eu lia o texto e ia me derretendo em lágrimas, sonho em poder musicar e transformar numa peça de teatro, ou numa opereta, é uma obra prima da sociologia rural, das disputas de terra e injustiças sociais no campo e da biologia da conservação, só quem domina muito a língua e o tema é capaz de escrever com tamanha maestria. Sonho que este poema seja conhecido por todo o mundo.
Então a paixão pelo umbu, foi crescendo, pelo prazer do paladar, pela escrita de meu pai, pela importância da árvores no sertão e na ecologia.
E os dentes sofrendo, sofrendo ao ponto de todas as fotos de viagem ficarem sempre com aquele dentinho manchado, de tanto desgaste natural com o cítrico da fruta.
Só que o umbu começou a ter concorrência, a mudança para estudar nas terras grapiúnas de Ilhéus foi ficando mais longa, pós graduação, trabalho, casa própria, casamento, envolvimento comunitário e Cacau entrou definitivamente em minha vida. As viagens para Seabra e Feira de Santana ficaram menos constantes e o fruto ouro foi entrando sorrateiramente no meu cotidiano. É suco de cacau, é mel de cacau, é licor de cacau, é geleia. Mas, o chocolate fino foi bem devagar, a primeira vez que provei foi em 2004 na eleição para reitoria a UESC, o marido de professora Adélia, então candidata, trazia de lanche pra gente, uns bombons maravilhosos. Fausto nem podia imaginar o que fez conosco, despertou sensações únicas, momentos sensoriais impressionantes.
Mas não era fácil de achar e tudo ainda era muito novo neste universo em Ilhéus, a pobreza em face da crise econômica assolava as propriedades e fazendas. Até que um dia fui para um evento regional que se chama Festival do Chocolate, de stand em stand fui conhecendo um universo mágico e daí em diante não parei mais de provar essas “barrinhas”. São aventuras semanais de experimentação, até que na loja da Dengo onde vende multimarcas, me deparei com uma barrinha de Chocolate 70% e Umbu. A curiosidade foi imediata, oxe? como assim ? como pode ? quem faz ? quem criou ? quanto é ? como é ? da onde vem ? cheguei em casa e fiquei olhando a embalagem até decifrar este mistério, e bote oxe? melhor oxe oxe oxe, a gente repete 3três vezes.
O nome da barra é Mission Chocolate. Não sei nada sobre a marca e os idealizadores e isso que me encanta, escrever no escuro, não vi nada nas redes sociais, não li, não estou sugestionada, posso falar com pureza.
Eu já tinha algumas preferidas e agora aumentou a listinha das prioridades. Assim como Umbu é uma espécie funcional de grande relevância ecológica, esta barrinha ganhou grande relevância no meu universo particular de deleite.
São quadrados de geleia de umbu milimetricamente adicionados na barra, como uma obra de arte geométrica. Não sei quem criou isso, só sei que biologia da conservação é matemática, é cálculo, é estudo. Chocolate fino também, é o que vi e senti, até a embalagem é de uma delicadeza artística elaborada.
Um fruto amazônico e outro catingueiro, um fruto doce e outro ácido, um fruto da abundância de água e outro da escassez, um fruto de casca dura e outro de pele tenra, um fruto de sombra e outro de sol, e nesta dicotomia de frutos protegidos por povos ancestrais que se unem duas paixões que carrego em minha alma. Cacau e Umbu. Um muito obrigada às mãos talentosas que fez este chocolate que parece ser uma missão de vida como diz o nome da marca que acabei de conhecer.
Sobre os dentes? Ainda bem que surgiu a tal da faceta de resina e agora posso morder umbu de novo no pé, paixões preservadas pelo ecossistema e pela minha dentista.
Leia também : Ode ao Mel de Cacau – poema lírico e neoparanasiano sobre o líquido precioso e raro
Ilhéus precisa Renascer– crônica sobre conjuntura política e a nova versão da novela da Globo
A decadência extrema– crônica sobre o centro histórico de Ilhéus e suas vivências
ou, por que nossas bebidas baianas não são produtos turísticos ?
Criaturas…………………. por que SUCO DE CACAU não é um produto turístico como é o Vinho da Europa, o Licor de Curaçao, e o Whisky da Escócia ????
Conhecer o fruto de cacau é algo bem específico, por que a amêndoa é tão preciosa economicamente que não é fácil achar para comprar fora das cidades produtoras que estão na Amazônia e na Mata Atlântica, Estado da Bahia principalmente. Ou seja, não é um fruto usual de se ver, não é fruta rara, mas, é raro achar pontos de venda.
O Cacau é o “fruto ouro” e sua polpa não era tão valorizada outrora, já que sua amêndoa seca é comoditie vendida em dólar para gerar o chocolate.
Quando eu viajo quero comer tudo que é típico do local, principalmente as FRUTAS, e daí que não vejo Tour do CACAU aqui. Nas Fazendas como Yrerê e Capela Velha o turista tem opção de experimentar, mas deveria ser algo MUITO MAIS USUAL, cadê os drinks dentro do cacau ? Cadê as comidas dentro da cumbuca de cacau ?
E o Suco de Cacau deveria ter um marketing só dele, assim como o Mel de Cacau e eu já fiz poema e tudo mais.
Sabe o marketing das grandes marcas que separa por produto, tem equipe só pro Kit Kat, tem equipe só para o Sonho de Valsa, tinha de ter equipe da Secretaria de Turismo só para Cacau e Suco e Mel.
O Suco de Cacau de Ilhéus e da região Sul da Bahia será o melhor que você já tomará em toda sua vida. A polpa é densa, grossa, branca , fresca, é impossível comparar com uma polpa pasteurizada de saquinho de supermercado(éca), eu detesto comida embrulhada em plástico, mal do século, poluidor dos mares.
O Suco de Cacau de Ilhéus deveria estar num pedestal, deveria ter shot de suco nas lanchonetes. Sabe aquela degustação de cerveja artesanal que fazemos naqueles copos pequenos ? Deveria ter de sucos. Um shot de cacau puro, de cacau com açúcar, de cacau com leite , de mel de cacau, de suco de graviola e suco de cupuaçu.
Imagina o turista estrangeiro que mora num clima temperado ou desértico com pouca diversidade. Fui na Europa e EUA e só via suco de laranja e maçã, pois suco de uva em região viticultora é quase um crime.
Daí que vou elencar minhas “Sucarias” preferidas e quem sabe incentiva você que está lendo a provar e melhor, incentivar os guias e a diversificarem suas opções.
NATUREZA VIVA
Fica na BR 101 , em Ibirapitanga, ambiente é lindo e o Suco de Cacau com Nibs é dos deuses, está vindo de carro para o Sul da Bahia, não esqueça de parar lá.
ISAC LANCHES
Na entrada de Ipiáu, a lanchonete tem placa grande, sempre que vamos para Jequié trabalhar ou para Chapada Diamantina ver a família paramos lá. O Suco de Cacau normal, cacau com leite e o irresistível Cacau com Laranja, é tão denso e saboroso, uma iguaria.
CABANA DA EMPADA
A Carta de sucos é meu sonho de consumo. Adoro Cacau com Amora, Cacau com Capim Santo e tudo ali pode adicionar vodka e virar drink. O esmero como fazem as polpas das frutas naturais é excepcional, outro dia conversava com a proprietária, senhora Vani, tudo é comprado fresco, higienizado, pesado e congelado, ou seja, é fruta fresca.
Cardápio de sucos- Cabana da empada – Ilhéus- Bahia
BERIMBAU
Em Ilhéus no Centro da Cidade, no Calçadão da Marques de Paranaguá, é um ambiente muito frequentado pelos locais e já passou da Hora dos Turistas desfrutarem de lanches gostosos, boa comida à kilo, sempre com opções baianas, e os SUCOS, são muitos. Eu gosto de Suco de Lima com pouco açúcar e Cacau , claro.
Certa feita sentada ali nas mesas compartilhadas, bati papo com turistas que me perguntaram: que tem de diferente pra fazer aqui? Eu disse : Já provaram suco de cacau? Ele estranhou, por que suco não é um `passeio tradicional”, mas se o ingleses vendem o “chá da tarde” como atração, por que não vendermos o “Suco de Cacau ” de Ilhéus ??? É descolonizador isso. Pois bem sabe qual foi a resposta da pessoa ???
EU NÃO GOSTO DE TOMAR CHOCOLATE ….
Êita, eu me vi atordoada, então fui explicar sobre o fruto, a polpa branca, o suco fresco da fruta, daí eles gostaram e indiquei meu blog, mas demorei tantos anos para escrever este artigo, e daí surgia a frase: SUCO DE CACAU NÃO É TODINHO.
Ok !!!!
Leia mais sobre Ilhéus e venha desfrutar as riquezas do Sul da Bahia
A Rota do Cacau vem sendo desenvolvida há anos. Primeiro de forma esparsa, agora com força total.
A maioria das pessoas acha que Ilhéus é só mar e praia!
Andou pelo Centro Histórico, comeu quibe no Vesúvio e tchau.
Por favor, não façam isso NUNCA MAIS!!!!
A Rota do Cacau e Estrada do Chocolate existe e você vai se deliciar.
O CENÁRIO
Se você nunca leu nada de Jorge Amado, corre… por que até 1998 ele era o mais lido no país, e sempre estava no top das paradas. A literatura estrangeira começou a invadir o mercado e aí já viram… mas sempre é tempo de corrigir este equívoco. Me lembro que antes de viajar para Colômbia li Cem Anos de Solidão e assisti Amor em Tempos de Cólera e antes de ir para o Chile revisitei os poemas de Neruda.
As fazendas de Cacau com suas peculiaridades foram cenários de livros e filmes na Obra inspiradora de Jorge Amado. Para além disso, hoje estas Fazendas são palco de uma grande ressurreição: CACAU e CHOCOLATE FINO.
MINHA HISTÓRIA DE RAIVA E ENCANTAMENTO
Depois de dizer isto tudo, é véin a historinha de Jurema.
Eu estudei na UESC, Universidade Estadual de Santa Cruz, que fica na Rodovia Ilhéus Itabuna, ou seja, passei 05 anos de minha vida indo e vindo . Depois a pós graduação, depois morar em Ilhéus e trabalhar em Itabuna, são 20 anos subindo e descendo esta estrada. Vi muitas mudanças acontecer. Mas sempre tinha uma plaquinha que eu NUNCA TIVE CURIOSIDADE DE ENTRAR. E eu sou mega-curiosa.
A placa diz: FAZENDA IRERÊ. Depois das redes sociais virar este fenômeno, foi só fotos lindas aparecendo. A Vanessa da Mata fez um vídeo lindo lá.
Daí que durante o Festival do Chocolate de 2019 minha prima veio me visitar e participar do Festival também. Além do site juremacintra.com está credenciado como Imprensa(que chic!!!!!!!), também estava como expositora no stand do GAP- Grupo Amigos da Praia. A gente aproveitou muito o festival.
Minha prima chegou na sexta e de tarde a gente foi logo para o Centro de Convenções cedo. Fizeram uma simulação de Fazenda Cacau com cheiro, folhas, frutos, sons e músicas, foi lindo!!
Daí que tinha uma mini-barcaça e ela não entendeu o processo. Como ela tem 22 anos não tinha como ter assistido a Novela Renascer ( https://www.youtube.com/watch?v=AP4cE7WtcV8 ), passa no Viva e é imperdível. Daí que veio a ideia, vamos numa Fazenda Tradicional e eu só me lembrava da plaquinha “Yrerê”.
Mandei mensagem no Instagram deles e pronto, entrada de segunda à sábado, 09:30, 11:00 ou 14:00. E eu que achava que só dava para ir agendando com agência de turismo… doce ilusão.
Chegamos na hora marcada. Fomos de roupa confortável, tinha gente de chinelo e roupa de praia… cacau e praia… casadinha perfeita.
Eu fui de bota de trilha por que eu adoro correr roça e entrar na Cabruca sem medo e sem preconceito.
Estava chovendo e isso mais ajudou do que atrapalhou. Mata Atlântica chove muito e faz parte do passeio. Tem várias sombrinhas na Fazenda.
Tudo começa num quiosque com cobertura e banquinhos. Nosso Guia Gerson explanou muito bem sobre a história do Cacau na América Latina e Mesoamérica. Depois sobre a descoberta da bebida do chocolate até a primeira barrinha feita por Henri Nestlé. Passamos para história do Brasil, da ascensão do coronelismo até a decadência com a Vassoura de Bruxa e o ressurgimento do cacau com o Movimento do Chocolate Fino. Foi INCRÍVEL.
Chovia forte, esperamos até virar uma garoa, seguimos pela trilha do Saci. Muito linda no meio da Mata Atlântica muito bem preservada.
Paramos debaixo de uma seringueira bem velha. Já mudamos de guia, agora acompanhadas por seu Antônio. Provamos os diferentes tipos de cacau. Vimos a Vassoura de Bruxa agir na planta e tiramos fotos no Meio da Cabruca(consórcio floresta e agricultura cacaueira).
Voltamos pela trilha até a GRANDE BARCAÇA. A mesma que minha prima não tava entendendo a miniatura. Pois bem, quando abre é aquele alvoroço, as amêndoas secando e tivemos outra explicação sobre a fermentação e secagem.
Agora seguimos para Casa sede. Que CASA!!! Todo detalhe é lindíssimo, até o banheiro com a descarga para fora para não contrastar nenhum plástico com a decoração rústica.
Aí foi outra aula, só que chocolate fino, produtos e sub produtos do cacau. Chocolate de Origem, terroir, nibs, manteiga de cacau, pó de cacau. Classificação das amêndoas, modernização da produção, concursos de chocolates … enfim chega o momento tão esperado, a DEGUSTAÇÃO.
Assim como numa vinícola, nas Fazendas de Cacau podemos provar as barrinhas com terroir próprio. Delícia de Suco de Cacau e chocolates das mais variadas proporções: 55%, 65%, 72%, 80%, com nibs , amêndoas caramelizadas, uma infinidades de delícia. Amei o 72% fiquei fã e as comprinhas cresceram.
Sim, por que quando tudo termina, não acaba… temos lojinha com os produtos à disposição e o espaço está aberto o quanto você quiser para obter lindas fotos da Mata Atlântica e do cacau
.
A raiva que senti de mim mesma, só pode ser convertida em encantamento. Demorou muito tempo para ter seguido o apelo da Plaquinha na BR 415, mas o atraso será então recompensado com outras idas. Se tornará roteiro obrigatório para todos os amigos e amigas que aqui me visitarem.
Você que está chegando em Ilhéus, não se esqueça de num dia de chuva fazer roteiro de Fazendas de cacau. Alugue 1 carro e divirta-se. Pode ser muito prático acertar um transfer de ida e volta, por isso só indico pessoas da mais alta confiança e o que ganho é a amizade deles (Madureira 073-999818910 e Amaury 073-991242959m taxistas profissionais)
A visitação e degustação custa R$30,00 por pessoa.
Saindo de lá fomos almoçar bem ao lado no bairro Banco da Vitória, apenas 03 minutos da Fazenda Yrerê e claro comemos no Restaurante Camarões e Mariscos, peçam camarões “grandes”. Lugar é simples, mas a comida deliciosa e farta. Aceita cartão de crédito e conheçam o famoso “Lourival do Pitu”
Voltamos ao Festival do Chocolate e foi mais abuso de degustações maravilhosas e o gostinho de quero mais… quero mais conhecer todas as fazendas disponíveis para o turista. Turismo regional é tudo de bom.
Quer saber mais atrações de Ilhéus? Siga nosso Instagram @juremacintra
Estava muito ansiosa para escrever, cheguei em casa morta de vontade de colocar para fora o meu amor ao Mel de Cacau. Li num site que Suco de Cacau era quase a mesma coisa que o mel e isso mexeu comigo, muito profundamente, então vamos à ODE.
Ó Mel de Cacau
Ó líquido que escorre silenciosamente do fruto ouro.
Quando o facão afiado rompe a casca, tu estás ainda adormecido
Ó tempo, ó céu, ó vento, açoita a polpa branca tão sutilmente, e o faz despertar
Só o olhar atencioso do peão debaixo do cacaueiro é capaz de notar que tu estás ali
Latente, inerte, pronto para irromper
As amêndoas, amontoadas.
Ó tu, que repousa nas folhas de bananeira
Meticulosamente, empiricamente, poeticamente inclinadas nas madeiras calejadas
O tempo… vai mostrando tua mais pura forma
pelas folhas de banana escorrendo até os potes improvisados te encontrar
Tua límpida preciosidade aparecendo em forma de mel
Mel de Cacau, agora eu te vejo, líquido e também viscoso
Não tão consistente como das abelhas, tuas irmãs de mata
Não tão aquoso.
Oras, não és água?
Oras, não és mel?
Doce, muito doce, dulcíssimo e azedo
Tanta paciência para te esperar
tanta pressa para te provar
O tempo te castiga, logo se perde
Não se tem mais nada a perder
Urge te beber, urge se deliciar contigo
Da frieza da folha de banana, o calor em minutos te fermenta
Corre, apressa-te, o Mel está pronto
Tu que és doce e azedo
Tu que és viscoso e aquoso
Tu que serve da geleia ao molho de peixe
Tu que vai do doce ao salgado
Tu que és paradoxal
Tu que és pura dicotomia
Tu que és antagônico
Tu que reúne tudo em um único momento sublime de ser
Mel de Cacau GRAPIÚNA.
Por Jurema Cintra Barreto, advogada militante, viajante, e apaixonada pelas riquezas do Sul da Bahia