A pergunta de 1 milhão de dólares. Qual melhor época de viajar ? Qual melhor mês.
Como moro aqui por 25 anos vou falar de minha impressões como cidadã e depois o que eu gostaria de ver como turista.
Ilhéus tem sol o ano inteiro, então se você puder evitar feriados, Natal e Reveillon é uma boa estratégia de fugir da aglomeração e curtir muito as praias.
Você não acreditaria nas fotos dos meses de junho e julho, muito sol e calor.
Pode ter chuvas? Sim, mas neste dia visite Fazendas de Cacau, faça City tour e tour do chocolate e aproveite a cidade e a Zona Rural. Depois de 2 ou 3 horas facilmente o sol vai aparecer.
Trouxe uma vizinha no versão de 20 de janeiro, era pra estar fazendo 30 graus e choveu 05 dias, mas 16:00, olha ele abrindo forte, ele mesmo o SOL. Então aqui sempre é bom visitar e sempre tem chance de uma pequena chuva.
Vamos falar mês a mês, alguns prós e contras e você escolhe. Mas sempre digo que a melhor data é aquela que cabe no seu orçamento, quando você tem tempo e quando está em boa companhia.
JANEIRO – muito sol, calor, praias cheias e preços mais caros. Festas de grande porte, reveillon em hotéis muito bons como Resort Jardim Atlântico. Festa da puxada do Mastro de São Sebastião em Olivença. Pode ter chuvas de verão sazonais.
FEVEREIRO – muito sol, calor, preços mais baratos. Possibilidade de ter festa de carnaval, para isso consulte as redes sociais da Prefeitura de Ilhéus, a cidade que não tem evento calendarizado e sofre com esta falta de planejamento,
MARÇO – muito sol, calor, ideal para passeios náuticos como Rio do Engenho e Lagoa Encantada e você pode fazer com a Dolphin Passeios Náuticos com nosso amigo José Filgueiras.
ABRIL – muito sol, clima um tiquinho mais ameno. Preço mais convidativo em hospedagens como hotéis e aluguel de temporada. Geralmente ocorre a travessia a nado na Lagoa Encantada.
MAIO – muito sol ainda, calor. Aproveite o feriado do dia do trabalhador, geralmente tem eventos nas centrais sindicais no Centro de Convenções. Planeje-se pois muita coisa estará fechada.
JUNHO – calor, um pouco de vento, nada que um casaco para noite não resolva, festas de São João em distritos e zona rural da cidade, e outras festas importantes como São João de Ibicuí e Tico Mia, é uma boa casadinha, dançar forró em Ibicuí, Itacaré e depois descansar em Ilhéus, 24 de junho é São João em todo o Nordeste, planeje-se e lembre do feriado.
JULHO – calor e um pouco de vento, nuvens e frio. Casaco resolve. Época do CHOCOLAT FESTIVAL, o festival internacional do Chocolate em que aprendi a comer Bean to Bar, chocolate fino e tanto que aprendi sobre este processo incrível de fabricação deste tesouro para nossa economia, 02 de julho é feriado na Bahia, se planeje, pois museus só ficam abertos nos dias de semana(uma lástima), como a Casa de Jorge Amado, Museu da Capitania e Memorial Misael Tavares dentro do Ilhéus Hotel. Também tem a festa de Nossa Senhora de Santana no dia 26 de julho com procissão náutica até o Rio do Engenho.
AGOSTO– calor e um pouco mais frio. Passagens e hospedagem muito mais baratas. Aproveite e faça o tour por várias fazendas de Cacau, são diferentes, como as vinícolas. Todos os passeios citados acima estão ocorrendo inclusive o Turismo de Observação de Baleias Jubarte com a Ecosul Turismo
SETEMBRO – clima mais ameno. Todos os passeios estão ocorrendo inclusive o Turismo de Observação de Baleias Jubarte com a Ecosul Turismo . Também podem ser avistadas além mda Baleia Jubarte, a balei Minke, botos cinzas e aves marinhas, vale demais o passeio.
OUTUBRO – muito calor e final da temporada de baleias. Aproveite para conhecer as feiras de economia criativa como Ciranda na Praça , Feira da Sapetinga.
NOVEMBRO– Muito calor, aproveite feriados nacionais e municipais e curta a cidade mais tranquila, antes de lotar com as festas de finais de ano.
DEZEMBRO– O verão sempre chega fervendo, muita praia lotada, festas públicas e privadas, músicas, shows. Restaurantes e mercados lotados, então venha com paz no coração e com aquele gostinho de curtir a melhor época do ano, as praias do Sul e do Norte ficam muito boas para banho.
Um tema espinhoso, por que a Chapada Diamantina é muito grande e dependendo da cidade você quer ir, tudo pode mudar, a logística aqui é complicada. Li uns artigos em outros blogs e achei que complicaram, mais que explicaram, quando a gente é do lugar a perspectiva muda muito.
Vou falar sobre 2 opções, a primeira se você NÃO VAI ALUGAR CARRO. A segunda se você VAI ALUGAR CARRO.
Passeios 100% com agência = SEM ALUGUEL DE CARRO
Se você não quer alugar carro e vai fazer TODOS os seus passeios com agências de turismo, pronto. O melhor é desembarcar em Lençóis, no Aeroporto Horário de Matos. Eles geralmente providenciam tudo , até mesmo seu transfer. Contudo você ficará engessado nos passeios, que geralmente são de dia inteiro. De noite não precisa de carro em Lençóis e a cidade é uma delícia e com muitas opções gastronômicas. Se as passagens para Lençóis estiverem caras demais, opte pelo Aeroporto de Salvador + ônibus que te deixará na rodoviária de Lençóis. Mochileiros também podem usar a cidade como base, a contratação de guias é fácil e tranquila. O restante dos passeios em outras cidades é uma logística complicada, tem poucos ônibus entre as cidades. Usem e abuse do aplicativo Blablacar.
Passeio com ALUGUEL de carro – com guias privativos
Roadtrip privativa é o que eu sempre faço, afinal sou nascida e criada em Seabra e tem locais que vou até sozinha. Mas se você quer ter LIBERDADE, fazer tudo com calma e se aventurar, deixar o novo adentrar, esta é a melhor opção.
Aeroporto de Vitória da Conquista – Glauber Rocha (que nome forte e linda homenagem ao cineasta) – é ideal para quem vai fazer passeios em Ibicoara, Rio de Contas, Itaetê, Mucugê, Vinícola Uvva, Ituaçu e Iramaia no Povoado da Raposa. Por que esse aeroporto tem + vôos, + barato +locadoras de carro + infraestrutura+ hotéis de apoio. Para fazer cotação de locadoras do aeroporto de Vitória da Conquista clique aqui.
Geralmente o viajante pode fazer casadinha Mucugê + Ibicoara + Iramaia + Lençóis ou Rio de Contas + Piatã + Ibicoara , quando você soma passagem + combustível + locação, provavelmente Conquista ficará mais em conta.
Provavelmente você terá uma viagem de 2 a 3 horas até chegar seu destino, Já Salvador serão 6/7/8 horas de viagem para a Chapada.
Aeroporto de Lençóis – Horácio de Matos (é um história incrível deste coronel) .. É o aeroporto que te deixa dentro da Chapada, no meio da Bahia, mas fica recuado do centro, no distrito de Tanquinho, em Lençóis tem locadoras menores, consulte preços e disponibilidade e some para ver se compensa. A Diamantina Locadora tem boa frota.
De carro, você vai tranquilo para cidade de Lençóis e veja se o seu hotel tem estacionamento dentro ou próximo, a cidade é miúda. Lembre-se de deixar a vaga do guia no carro. Quando viajamos com mais amigos levamos um rádio comunicador, facilita demais, além de ser divertido, o guia vai passando as informações para os dois carros.
De carro você vai mais cedo para o Morro do Pai Inácio e não pega tanto fluxo, vai para os restaurantes legais, como Lila Orquidário, Bistrô Orquídea Negra, Paraguassu, Arenito, Mudra, com muita tranquilidade, no seu tempo. Confesso que sou Slow Travel. Irrita demais, estar num lugar tão legal e o guia chamar por que o horário é curto. Eu entendo, mas fica aquele desejo de “quero mais”, locando o carro, você pode curtir e aproveitar mais os locais, ficar até o por do sol no Arenito, provar os vinhos (eleja o motorista da rodada), voltar da Cachoeira do Buracão e ficar até mais tarde no Mudra, provando drinks e pratos especiais, ou ir na Pizzaria Jardim Secreto em Ibicoara, tudo fica mais afastado e não é roteiro das agências de turismo, e desfrutar do inesperado e do acaso, viu uma plaquinha: ENTRA E DESCOBRE, assim, já achei lugares incríveis como o Bistrõ A Camponesa no Campo Redondo.
MALA
Viajar de avião requer este cuidado com a preparação da mala. Vai ter um artigo mais detalhado, mas vamos ao básico.
. roupa de trilha
.bota de trilha
. tênis
. protetor solar
. chapéu ou boné árabe
, camisa UV
. sandália rasteirinha para saídas à noite (todas as cidades são de pedra, seu sapato alto será um risco para sua saúde, es í tem hospitais públicos em toda a Chapada); Se for apenas para fotos na Vinícola Uvva tá valendo, mas lembre-se que a visitação completa vai pro CAMPO, e eles pedem sapatos confortáveis e práticos, é linda, chique, mas o parreiral é terra.
, roupas leves
. xale ou casaco (se for inverno capricha, faz 10 graus em Iramaia, Mucugê, Piatã)
. casaco corta vento
. cantil de água e suporte
. óculos escuros
. meias
E se ficar mais tempo pega AirBnb com máquina de lavar roupa como é o Chalé das Mangabas.
VAMOS FALAR SÉRIO AQUI. Quando você faz uma viagem internacional, ou para o Rio Grande do Sul no Brasil, vai com uma mala vazia de 23 kg para as comprinhas ???? Por que viria para Chapada só com 1 bagagem de mão ??? Tem muita coisa para levar pra casa. Deixa um espaço na mala e no carro. Para levar as lembrancinhas, mas também para levar cachaças premiadas, vinhos baianos, bocapiu e outras bolsas de palha, roupas, joias e biojoias, pedras, polpa de fruta, mel puríssimo, rapadura, biscoitos caseiros deliciosos, doces na palha de banana, embutidos, queijos incríveis, arroz vermelho (não-transgênico), comidinhas saudáveis, é tanta coisa. Vai rolar um post só para quem vem pela estrada de carro, pra mim, é fundamental LEVAR UM COOLER e caixa térmica, eu volto com muita comida de lá: congelo feijão de corda, palma, carne de porco salgada de Seabra, carne de sol, bode, polpas de frutas, principalmente de mangaba, frutas vermelhas, verduras boas e baratas.
Então deixa o espaço aí para a agricultura familiar, para as delícias da Chapada Diamantina que vale demais, as nossas camisetas temáticas e ajudar o micro-empreendedor.
É muito conteúdo ? Muita estrada ? 24 cidades na Chapada ? Mas calma, manda um OI em nosso e-mail chaledasmangabas@gmail.com ou no direct do Instagram, ou por aqui mesmo e a gente monta um roteiro personalizado para você aproveitar muito bem a estrada, os caminhos, os melhores restaurantes e hospedagens.
Tudo aqui em Ilhéus é escondidinho, já que a política pública turismo é inexistente. tem locais muito legais e vamos então ajudar na divulgação.
Se você está de passagem por Ilhéus para ir à outro destino, só digo que é uma pena, aqui tem 487 anos de história, apesar de tentarem apagar sua memória, deixando prédios caírem, matando árvores sem qualquer laudo técnico ou necessidade, privatizando praças históricas.
Mas vamos lá, um city tour com guia é FUNDAMENTAL, sozinho você vai andar e achar sem graça, a história bem contada e narrada é essencial. Já falei aqui do Gregório, gosto dele de graça, um guia muito gentil, que faço questão de divulgar.
Depois da caminhada … humm.. vamos às guloseimas, ou durante o trajeto mesmo.
Mercado de Artesanato, tem o CUPULATE, Cupuaçu com Chocolate numa banca linda, ali do lado do palco, provem as cocadas de cacau artesanal.
No Calçadão da Marquês de Paranaguá, provem os SUCOS na lanchonete Berimbau, e claro prefiram o CACAU ou CACAU COM LEITE, este é uma refeição de tão cremoso. Já falei aqui que SUCO DE CACAU é um patrimônio e devia ser um produto turístico. Se você está vindo de carro para Ilhéus, confira nosso post sobre compras e TRAGA SEU ISOPOR, leve polpa de cacau, cupuaçu, cajá, graviola, são naturais, puras, sem conservantes e muito gostosas.
Se o tour está sendo pela tarde você anda pode provar o mini acarajé e mini-abará na Praça JJ Seabra, onde tem o Palácio Paranaguá e claro, vamos falar de chocolate.
Voltei de Gramado horrorizada com as péssimas opções de chocolate, a loja é linda, mas o produto é tenebroso, açúcar puro e gordura hidrogenada.
Em Ilhéus você vai comer chocolate da mais alta qualidade na Cacau do Céu , trufas e barrinhas deliciosas.
Almoçar no centro? Claro que temos opções, bar Vesúvio tem à kilo MUITO BOM e QUARTA é divino o buffet árabe. O Sabor do sul e Berimbau também tem opções à kilo com muita comida baiana e claro, a Feijoada de Sodré com pratos tradicionais da Bahia à la carte e preço maravilhoso.
Noite ??? Sim, o centro histórico tem opções de comer, mas não de passear, tudo fecha, inclusive os atrativos históricos. Você pode jantar no Vesúvio e Bataclan a la carte, no Rei do Kafta tem sanduíches incríveis e baratos, tudo isso na Av. 2 de Julho e claro o meu preferido que é o Marostica, a melhor comida italiana de Ilhéus, e você pode levar seu vinho e os pratos são generosos e com excelentes preços.
Então curtam o Centro Histórico de Ilhéus e levem memórias afetivas incríveis da cidade.
O Umbu é uma fruta tipicamente brasileira, endêmica, por que só nasce no bioma Caatinga. Eu nasci em Seabra, no coração da Chapada Diamantina e centro da Bahia. Desde criança eu ficava sonhando em chegar o mês de dezembro, não só por causa do Natal, dos presentes comerciais, mas dos presentes naturais. Dezembro é mês de umbu e de mangaba, mas, sobre as mangabeiras, serão outras escritas.
Após provar um chocolate de umbu eu senti uma vontade avassaladora de escrever, dentro de mim algo estava pujante, deixei até de ir num compromisso ambiental, por que as palavras estavam me dominando.
Voltemos a infância em Feira de Santana, onde tem umbu, mas são mais tímidos, árvores menores, tinha muito mais cajá, então eu ficava sonhando com a viagem para Seabra na casa de vovó Amélia e chegar na feira e ter aqueles umbus enormes que vinham de Oliveira dos Brejinhos ou da Prata . Quando comecei a andar por Irecê e Jussara, e, descobri a roça de tio Licínio, foi uma paixão avassaladora, cada umbuzeiro digno de batismo e tombamento. Assim como na cidade de Sabará alugam 1 pé de jabuticaba para chupar, deveriam fazer com o umbuzeiro. É tanto umbu gostoso e diferente que fico imaginando a injustiça e tristeza de bilhões de pessoas no mundo que desconhecem este alimento. Partindo desta ótica, eu sou privilegiada demais, conheço centenas de pés de umbu.
Da infância para adolescência, parece aquela passagem de tempo de novela brasileira, mas com uma marca indelével, os dentes manchados de umbu, e desgastados, cada dia os dentes frontais mais deformados e quase sem solução, doíam e muito chupar umbu e tem as técnicas ancestrais de morder o galhinho novo de umbu para a resina proteger os dentes. Fiz tudo isso e faço, mas o desgaste vem.
Nada resolveu, fui até a idade adulta sofrendo com idas ao dentista e as técnicas de chupar umbu com uma faquinha na mão viraram rotina, por que agora sou proibida de morder virulentamente o fruto, é tudo descascado com a faca afiada e colocado na boca com cautela. Andanças e andanças mil, até que me mudo para Ilhéus, para estudar direito. Aqui não tem umbu, aqui é Mata Atlântica e Cabruca cheinha de cacau. Outro fruto entra em minha vida. Mas, na Bahia, tem a história dos ambulantes, então chega umbu nos carrinhos de mão, nas ruas do centro, na feira livre, mas nada se compara a chupar no pé, com aquela casca verde crocante, é uma sensação inigualável, única, um deleite aos ouvidos o “croc croc”, um sabor irresistível do cítrico e do açúcar. Chupar umbu no pé deveria ser atração turística com cobrança de ingresso e ticket.
Belo dia, descubro que meu pai escreveu um cordel com o título : “SE UMBUZEIRO FALASSE”, é uma obra prima da escrita e da poesia popular, Marialvo é geógrafo e chapadeiro de Ipupiara, amante da caatinga e conservacionista. Eu lia o texto e ia me derretendo em lágrimas, sonho em poder musicar e transformar numa peça de teatro, ou numa opereta, é uma obra prima da sociologia rural, das disputas de terra e injustiças sociais no campo e da biologia da conservação, só quem domina muito a língua e o tema é capaz de escrever com tamanha maestria. Sonho que este poema seja conhecido por todo o mundo.
Então a paixão pelo umbu, foi crescendo, pelo prazer do paladar, pela escrita de meu pai, pela importância da árvores no sertão e na ecologia.
E os dentes sofrendo, sofrendo ao ponto de todas as fotos de viagem ficarem sempre com aquele dentinho manchado, de tanto desgaste natural com o cítrico da fruta.
Só que o umbu começou a ter concorrência, a mudança para estudar nas terras grapiúnas de Ilhéus foi ficando mais longa, pós graduação, trabalho, casa própria, casamento, envolvimento comunitário e Cacau entrou definitivamente em minha vida. As viagens para Seabra e Feira de Santana ficaram menos constantes e o fruto ouro foi entrando sorrateiramente no meu cotidiano. É suco de cacau, é mel de cacau, é licor de cacau, é geleia. Mas, o chocolate fino foi bem devagar, a primeira vez que provei foi em 2004 na eleição para reitoria a UESC, o marido de professora Adélia, então candidata, trazia de lanche pra gente, uns bombons maravilhosos. Fausto nem podia imaginar o que fez conosco, despertou sensações únicas, momentos sensoriais impressionantes.
Mas não era fácil de achar e tudo ainda era muito novo neste universo em Ilhéus, a pobreza em face da crise econômica assolava as propriedades e fazendas. Até que um dia fui para um evento regional que se chama Festival do Chocolate, de stand em stand fui conhecendo um universo mágico e daí em diante não parei mais de provar essas “barrinhas”. São aventuras semanais de experimentação, até que na loja da Dengo onde vende multimarcas, me deparei com uma barrinha de Chocolate 70% e Umbu. A curiosidade foi imediata, oxe? como assim ? como pode ? quem faz ? quem criou ? quanto é ? como é ? da onde vem ? cheguei em casa e fiquei olhando a embalagem até decifrar este mistério, e bote oxe? melhor oxe oxe oxe, a gente repete 3três vezes.
O nome da barra é Mission Chocolate. Não sei nada sobre a marca e os idealizadores e isso que me encanta, escrever no escuro, não vi nada nas redes sociais, não li, não estou sugestionada, posso falar com pureza.
Eu já tinha algumas preferidas e agora aumentou a listinha das prioridades. Assim como Umbu é uma espécie funcional de grande relevância ecológica, esta barrinha ganhou grande relevância no meu universo particular de deleite.
São quadrados de geleia de umbu milimetricamente adicionados na barra, como uma obra de arte geométrica. Não sei quem criou isso, só sei que biologia da conservação é matemática, é cálculo, é estudo. Chocolate fino também, é o que vi e senti, até a embalagem é de uma delicadeza artística elaborada.
Um fruto amazônico e outro catingueiro, um fruto doce e outro ácido, um fruto da abundância de água e outro da escassez, um fruto de casca dura e outro de pele tenra, um fruto de sombra e outro de sol, e nesta dicotomia de frutos protegidos por povos ancestrais que se unem duas paixões que carrego em minha alma. Cacau e Umbu. Um muito obrigada às mãos talentosas que fez este chocolate que parece ser uma missão de vida como diz o nome da marca que acabei de conhecer.
Sobre os dentes? Ainda bem que surgiu a tal da faceta de resina e agora posso morder umbu de novo no pé, paixões preservadas pelo ecossistema e pela minha dentista.
Leia também : Ode ao Mel de Cacau – poema lírico e neoparanasiano sobre o líquido precioso e raro
Ilhéus precisa Renascer– crônica sobre conjuntura política e a nova versão da novela da Globo
A decadência extrema– crônica sobre o centro histórico de Ilhéus e suas vivências
Por favor entendam que este post não é sobre o território do Cerrado brasileiro, o Jalapão e todos os seus municípios e povos tradicionais são lindos, exuberantes e de uma beleza estonteante, estou ansiosa para ir de novo.
Tanto tempo viajando pelo mundo e vacilei em fazer pouca pesquisa, a minha bronca é sobre o marketing e sobre agências “famosinhas”. Sabe aquele post da “brogueirinha” ??? da influencer ?? é tudo edição boa de vídeo, ou melhor pode até ser verdade , mas este tratamento “exclusivo”, você NÃO terá.
Antes de tudo deixa eu esclarecer que sou da Bahia, do interior, acostumada com roça, com mosquito, com estrada de chão, acostumada em tomar água de pote e colher fruta do pé. 100% sem frescura, mas … tudo tem o massssssssssssssssssss… quando você paga por um serviço “vip” , é isso que você imagina receber e não, não vão te dar.
Eu não vou citar nomes de empresas. Senti exatamente o que meu cunhado me falou, é MUITO CHÃO PARA POUCO PASSEIO. Você vai ficar horas e horas sacolejando no carro e ficar apenas 15 minutos em 1 atrativo, isso se em seu carro não estiver num grupo tão mau humorado, que nem do carro desce e se você não insistir, nem entra nos lugares. Isso mesmo a pessoa anda 2 horas de carro numa estrada de chão e quando chega no atrativo desiste, por que está cansada.
Ao que parece a maioria das agências CRIAM A DIFICULDADE para te vender a FACILIDADE. Inventam que é impossível andar pelo Jalapão sozinho e isso não procede, o guia é fundamental, e surpreendentemente, custará mais barato contratar um particular e desfrutar bem cada cantinho do que ficar na paranoia de agência.
Vamos lá.
Eu estava de Jeep, eu avisei na agência, eu disse que ia da Bahia, melhor de Seabra para Palmas de carro e eles me convenceram que deixar o carro lá na capital e fazer 05 dias de roteiro era o ideal, por que os grupos saem todos da “base”.
Daí na ida sabe o que descobri ???? Que a Lagoa do Japonês , município de Pindorama, estava no meu caminho, ou seja, no primeiro dia da ida para Palmas, eu MESMA PODERIA TER ENTRADO via TO 130 , curtido o passeio, almoçado (um peixe que parecia ser delicioso, e curtir o dia. A lagoa não é lugar para apenas tirar foto em barquinho transparente não. É um complexo de lazer, tem tirolesa, tem restaurante, a lagoa é grande, tem sorveteria, é bom para criança passar o dia inteiro. Eu fiquei apaixonada e com muita vontade de ficar. Essa foi a primeira furada. Quando vi as placas no caminho chega fiquei roxa de não ter ido por conta própria.
E só ficamos 1:30 hora na Lagoa do Japonês, ô raiva, vocês tem noção que andamos 04 horas de ida, 04 horas e meia de volta para Palmas e só ficamos lá 1 hora . Pior se você ficar nos bancos do fundo da Pajero, sim, são 06 passageiros e vc fica lá apertado, morrendo e sacolejando muito. Parece que as pessoas se satisfazem apenas com fotos produzidas e nada mais importa, só vejo comentários bons desta presepada.
Eu estava de carro, carro bom, 4x 4, eu avisei às criaturas, e ainda assim eles me dissuadiram : “é longe, seu carro pode quebrar, com agência é mais seguro”, eu cai nessa BALELA. afff . Tava cheio de gente sem agência na Lagoa do Japonês.
Segunda furada, o seu grupo terá mais 05 pessoas + 01 que é você; olha, se você não está com amigos, você vai num grupo estranho, vai ficar horas e horas no carro, vou repetir : sacolejando, e se as pessoas forem reacionárias, vocês está lascado literalmente, ouvir aberrações durante 05 dias é traumatizante. Repito, mesmo que tenha revezamento, você vai ter de ir durante um período nos bancos do fundo, entrar e sair é bem chato. A coluna e as pernas sofrem com o aperto. Leia o contrato, e não vá sem saber disso.
Terceira furada, esse negócio de all inclusive; ô santo deus, cada lugar legal para comer, cada cantinho charmoso e não podíamos parar por que não estava no pacote das agências. Comida caseira é uma delícia, amei a comidinha, mas experimenta serem iguais 10 refeições, almoço e janta , seguidamente. No último dia a gente foi comer hamburguer, barato e delicioso. O jantar do Reveillon foi sofrível, mesmo comida simples, a pousada não sabia fazer não, o lombo estava igual um pau de tão duro e a sobremesa até estava gostosa mas acabou logo. Os lanches não tinham nada de saudáveis e os almoços não tinha nada de típico, nem um arroz com pequi.
Por exemplo, em Mateiros tem o Mama Cadela e no Parque Estadual do Jalapão, onde amarram as fitinhas tem um bar transadissimo com música ao vivo e não podíamos parar no Recanto das Dunas. Ahhhh, que falta fez nosso Jeepinho para ter liberdade e autonomia, se seu carro tem seguro, baixe os mapas off line e vá com um guia privado.
Quarta furada: os hotéis. Você chega lá e descobre que tem fervedouros com pousada ao lado, que tem entrada exclusiva para os hóspedes sem filas, como Formiga Ecolodge e a Pousada e Fervedouro Bela Vista; ficaria ali facinho , facinho. As pousadas escolhidas por nossa “agência dos famosinhos”, a porta era tão fina que a gente ouvia tudo , corredor, etc, torneira e chuveiro pingando e no reveillon tiveram de pegar as cadeiras da Prefeitura, com certeza “emprestadas”, porque não tinham cadeira suficientes pra festa, o DJ a gente ria de raiva ou de vergonha por ele mesmo, mas abstraímos, não era simples, era sofrível, eu ri muito da situação. Repito, não estávamos atrás de nenhum luxo, mas do básico e vi com meus olhos hotéis bem melhores,
Quinta furada: a Lagoa do Japonês no último ou primeiro dia, é muito chão para pouco passeio, lugar é lindo, vale passar o dia inteiro. Outra coisa : não é Jalapão, é longe mesmo e os roteiros amarrados e vendidos por 100% das agências deixam de fora o Cânion Encantado em Pindorama, mesmo município da Lagoa. E o almoço poderia ser na Lagoa, víamos a Costela de Tambaqui passar lindíssima e cheirando bem e sequer dava tempo de almoçar, nem tomar cervejinha, imagina ir sacolejando, se optar por agência, tome seu remedinho. Não comemos na Lagoa, mas num restaurante já na saída, a mesma comida caseira, repito, comida saborosa, mas por 5 dias enjoa demais, sendo que TEM OUTRAS OPÇÕES ótimas, como comer DENTROD A LAGOA DO JAPONÊS. VEJA O DILEMA, SE A GENTE PEDISSE COMIDA, TINHA DE ESPERAR E NÃO DAVA PARA IR ATÉ A GRUTA, E FAZER PASSEIOS, se fizesse os passeios não dava tempo de pedir a costela de Tambaqui, que repito, a cozinha tava bonita com pratos lindos saindo e tudo simples, mas organizado.
Por favor não façam Taquaruçu com agência, são apenas 32 km de Palmas , vale alugar um carro popular e ir curtir 2, 3 dias, bem tranquilos, restaurantes deliciosos como o Babaçu e a Pousada da Aldeia, um primor, fizemos tirolesa, jantamos bem, café da manhã delicioso, massagem no Spa Capim Santo, nada disso vivenciaríamos com agências, que faz tudo cronometrado. Ficamos na vontade de conhecer as dezenas de cachoeiras.
Sexta furada, o roteiro engessado, sequer visitamos territórios quilombolas para interagir com a comunidade, não tivemos experiências proveitosas, somente nos levaram na lojinha de capim dourado e tchau. Que horrível, ao tentar conversar com a proprietária, uma artesã quilombola super gentil e com vasto conhecimento, todos do carro ficaram de cara feia pra mim, com “pressa para ir pro hotel”, ou seja, você não vivencia nada, só a distância e chão nas costas.
Então senhores, se vocês forem no meu Instagram, não tem menção nem marcação da fadada agência, não é meu objetivo, mas informar que sim, tem AGÊNCIAS QUE SE SALVAM, EU FIQUEI observando, e achei a Cerrado Dourado e a Jalapão Expedições e Canindé, muito mais coerentes pelo que vi lá com os clientes, e no insta deles, não usei, não sei avaliar ao certo, tem circuito fixo, mas parecem muito mais cautelosos . O cuidado ao falar de cada comunidade e sobre a cultura. Não, eles não sabem que eu estou aqui fazendo esse desabafo e nunca os vi nem pintados de ouro. É apenas para dizer que no meio desse turbilhão de decepções existem pessoas sérias. Engraçado que ao conversar com uma “amiga vizinha da roça”, ela me disse a mesma coisa, trabalhou lá e ficou horrorizada com a politica das agências, que é “criar dificuldade para vender uma suposta facilidade”.
O que eu faria de DIFERENTE, assim como minha colega Evelyn foi para o Atacama por conta própria e desmistificou para mim o turismo de aventura com autonomia e alugando carro, eu faria o seguinte: CONTRATARIA um guia local e pagaria sua diária, Mesmo com gasolina, pagando o guia por 4 dias, mesmo pagando a hospedagem do guia e os almoços, ainda assim, sairia mais barato do que o pacote de Reveillon que foi um engano, “ceia de Ano Novo, DJ e 1 champagne”, nem vou postar as fotos para que vocês não reconheçam o lugar, eles não tem culpa.
Jalapão é lindo, é um destino bem rústico e o Tocantins está se capacitando e investindo em Ecoturismo com o SEBRAE, mas infelizmente sempre tem empresas que abusam dos turistas. Para os influencers uma viagem inesquecível, eu VI COM MEUS OLHOS, só 2 pessoas no carro, máximo 4, super confortáveis, entravam primeiro na fila dos fervedouros para fotos e para os abestalhados que pagam a viagem, um guia/motorista que chamou os quilombolas de “preguiçosos” e o reveillon chegou mais cedo viu… hablei miesmo. Mas foi o guia de outro carro, contudo da mesma agência.
Procure por guias quilombolas que podem te ajudar em roteiros personalizados, e sim, baixando os mapas off line no seu celular , dá para fazer tudo, sabendo que as cidades lá são bem minúsculas e longe uma das outras . No instagram colocando #guiajalapao você encontra outros profissionais autônomos. Me manda um e-mail, ou direct no @juremacintra que te envio um contato de um guia bem legal que vai te ajudar, não vou falar nome dele aqui por, por que podem perseguir os trabalhadores.
Por favor não desistam de visitar o Jalapão, o meu erro foi ter pesquisado pouco e o algoritmo só me levava para as publicidades das agências de investem pesado em Marketing Digital, leiam blogs de gente real, de pessoas comuns, para depois tomar sua decisão. Eu estou doidinha para voltar e na época que não chove e com amigos para ficar bem legal os deslocamentos.