Se você ainda não sabe Vou lhe dizer o que é O umbuzeiro é uma planta Que na caatinga tem pé Resistente a toda seca Sagrado pra quem tem fé
É um símbolo do Nordeste Onde o sol é de rachar No tabuleiro e na serra Em todo lugar estar Só existe no sertão Porque este é seu lugar
É uma moita fechada Capricho da natureza Sua sombra é muito fresca É grande a sua beleza Umbu é como se chama O fruto que vai pra mesa
Da caatinga é a rainha Das plantas que Deus criou Alimenta rico e pobre Analfabeto e doutor E o sabor da sua fruta Nosso povo consagrou
O sertanejo é quem chama Sua fruta de imbu E serve de alimento Para mico e caititu Pra bode, cabra e ovelha, Guará, raposa e tatu
Tem umbu que é bem doce Como o mel de uma flor Também quando é azedo Na boca chega dar dor Faz bode berrar zangado Relegando seu sabor
Tem umbu liso e redondo Verde, maduro e inchado, Grande, médio e pequeno, Tem até umbu rachado Tem do caroço miúdo Pra se chupar descascado
A coisa que mais me alegra É ver umbu “fulorar” E escutar as abelhas Com zum-zum-zum a voar Ver o renovar da vida Presente neste lugar
Na época das trovoadas Depois do mês de setembro Sua safra é de fartura Ainda bem que me lembro Do chão forrado de frutas Em pleno mês de dezembro
No sertão tem o costume De umbuzeiro dar nome, Tem pé de umbu da pedra Da cobra e do vagalume, Da onça e da vaca seca Da cacimba e do velame
Tem umbuzeiro de Tonha De Zé de Sarapião, De Zeca de Zé Pretinho De Rosa e Mané Bião De Bidé da Gameleira E de Cosme Gavião
Outras frutas da caatinga Correm o risco de acabar Já não vejo mais o icó, Cambuí e cambucá Ah! Como tenho saudade… Do gosto do trapiá
Quando o umbuzeiro cresce Na beira de uma estrada É açoitado de vara Recebe muita pedrada Fica todo arrebentado De tanto levar pancada
A folha do umbuzeiro É alimento sagrado No desespero da seca Vira comida de gado E todo bicho que vive Pelo sertão embrenhado
Mas nem tudo é alegria Pelas grotas do sertão Tem fazendeiro malvado Raivoso e sem compaixão Cortando pé de umbu Pra plantar capim no chão
Devasta toda a caatinga Sem dó e sem piedade Corta até o umbuzeiro Na mais dura crueldade Sem falar no juazeiro Pra completar a maldade
Acho muita malvadeza Tirar raiz de umbuzeiro Pra fazer doce de corte E se trocar por dinheiro E prejudicar a planta No período do sequeiro
Se o umbuzeiro falasse Eu passei a imaginar Como seria a peleja Com quem fosse lhe cortar E leia com atenção O que tenho pra contar
U aqui é umbuzeiro R aqui é roçador Vai ser uma peleja dura De sentimento e de dor Entre a bela natureza E o ser devastador
U – Aqui eu nasci e cresci Na seca deste torrão Espalhado em toda parte Pelas brenhas do sertão Forneço sombra e alimento Aos viventes deste chão
R – Estou de foice na mão Pelo patrão enviado Vou roçar esta caatinga Deixar o mato virado Arrumar tudo em coivara Que pasto vai ser plantado
U – Com mais de quinhentos anos Que nesta terra nasci Nunca vi o seu patrão Catando umbu por aqui Vá e pergunte pra ele Qual foi o mal que lhe fiz
R – O capataz me chamou Pra fazer este serviço Foi a mando patrão Não vejo nenhum mal nisso Receber sete reais De diária o compromisso
U – Se você catar umbu E for à feira vender Vai aumentar o valor Em dinheiro pra você Vai dar sete vezes sete É só conferir para crer
R – Mas se o imbu está verde Como é que vou fazer? Se já tivesse maduro Quem sabe não ia ver Se eu enchia um balaio Pra na cidade vender
U – Sua pressa é sem razão Veja o que vou lhe contar Apressado come cru Diz o dito popular Estou lhe dando um conselho Só quero lhe ajudar
R – No aço da minha foice Ganho o pão de cada dia Sustento mulher e filho Lá na minha moradia Vou derrubando caatinga Que acho sem serventia
U – Deixe de ser rude homem Que por aqui já lhe vi Chupando umbu maduro E quebrando licuri Comendo fruta de palma E caçando juriti
R – Isto já faz muito tempo É coisa do meu passado Na minha morada agora Tem velhinho aposentado Do mato tenho lembranças De quando ‘tava apertado
U – Ainda me lembro bem Quando aqui você chegou Fez o trabalho e sumiu Deixando grande fedor Mas do umbu tinha caroço Na “ruma” que tu deixou
R – Se imbuzeiro fosse Planta que desse dinheiro Seria coisa difícil Só tinha no estrangeiro Mas como só dá imbu Vira pau de galinheiro
U – Do umbu faz doce e suco, A saborosa umbuzada, Vai misturada com leite Com açúcar é adoçada Reforçando o sertanejo Na sua dura jornada
R – Faltam 10 pra meio dia Vou a panela esquentar A barriga já roncou Vou minha fome matar Debaixo deste imbuzeiro Depois vou me descansar
U – Minha sombra agora serve Para a tua maresia Vou açoitar os meus galhos Na força da ventania Para lanhar as tuas costas Cabra ruim sem serventia
R – Praga de urubu magro Em boi gordo ela não pega Aqui nesta terra vi Saci montado na jega Quebrando pé de imbu Diabo que te carrega
U – Já comeu e descansou Na sombra que eu te dei Vai dizer pra teu patrão Que o umbuzeiro é rei Das plantas da caatinga Está escrito na lei
R – Você quer me enrolar Com esta conversa mole Vou afiar minha foice E depois tomar um gole Pra enfrentar o roçado E sustentar minha prole
U – Eu pensei que tu pensavas Mas tu és cabeça dura Do oco de baraúna Nem o diabo te atura Parece que tu és dele A mais baixa criatura
R – Eu sou cristão batizado Por São Cosme e Damião Na capela de Santana Rezo e tenho devoção E no terreiro de Oxóssi Faço a minha obrigação
U – Tua foice é arma fria Que corta sem piedade Quem ordena é teu patrão Que mora lá na cidade Tu vivendo na miséria E ele na vaidade
R – O patrão quer terra limpa Sem nada pra sombrear No lugar de imbuzeiro Plantar capim e zelar Pra engordar a boiada Mangote de marruá
U – Por aqui eu já estava Quando o teu patrão chegou Neste pedaço de terra Que por teu avô passou Deste modesto umbuzeiro Muito umbu ele chupou
R – Conte esta história direito Quero saber tudo agora, O que teve o meu avô Com esta terra outrora? Responda com precisão Pois tudo tem sua hora
U – Esta história é complicada E posso lhe assegurar Que seu avô era dono De todo este lugar E tirava da caatinga O que ela tinha pra dar
R – Se meu avô era dono, O que foi que aconteceu? Se tinha família grande, Por que será que vendeu? Se também ninguém herdou, Nem mamãe, nem pai, nem eu
U – Não foi venda foi um fato Que a terra estremeceu Teu avô foi emboscado Tomou um tiro e morreu Da arma do teu patrão Que mandou tu matar eu
R – Minha foice agora pára Não corto mais imbuzeiro Esta terra ainda é minha E não troco por dinheiro Vou procurar a justiça Pra não virar justiceiro
U – Viver muito eu agradeço Foi a minha salvação Isso faz cinqüenta anos Que vi esta confusão Veio me servir agora Pra permanecer no chão
R – Não corto mais imbuzeiro Escreva o que vou dizer Do imbuzeiro o imbu Da caatinga o bem-querer No ronco da trovoada Ver o mato florescer
U – Estou ficando sozinho Só se ver pau derrubado Já se foi a quixabeira, É fogo pra todo lado Até a Jurema preta Tem seu destino selado
R – Minha foice derrubou Muita jurema e arueira Pau-de-rato e calumbi Umburana e gameleira Pra vender lenha no metro E fazer compra na feira
U – O que tu diz é verdade Não sei como aqui estou No último roçado feito O fogo me sapecou Por sorte o vento virado Pra chuva o tempo mudou
R – Até raiz de imbuzeiro Já fui pro mato arrancar Ralava em ralo bem fino E espremia pra tirar Água doce e cristalina Pra minha sede matar
U – Você ainda tem jeito, Percebe que eu servia, Te dei água no passado Também te dei rancharia Tu namorando na moita Quando a noite escurecia
R – Fico muito encabulado Com esta sua intimidade Isto já faz tanto tempo Estava na flor da idade Com a cabocla Rosinha Eu me casei na cidade
U – Aqui eu vi o passado Aqui estou no presente Alimento a bicharada O bicho temido é gente Que roça e ateia fogo Pelas costas e pela frente
R – Eu não pego mais em foice No mato vou semear Semente de imbu doce Do que eu gosto de chupar Nunca mais faço a besteira De um Pé de imbu cortar
O umbu foi vencedor Nesta estória que criei Que quiser que conte outra Porque esta eu já contei, Externando meu desejo Nas palavras que rimei.
O Autor: Marialvo Barreto, é nascido em Ipupiara, Bahia, filho de Amélia Barreto Cunha e Teotônio Barreto, estudou geografia na UFF em Niterói, professor universitário aposentado da UEFS-Universidade Estadual de Feira de Santana, foi vereador na mesma cidade por 2 mandatos. É escritor, poeta e cordelista. Conservacionista implanta o projeto de Recatingamento na sua pequena propriedade Flor de Alecrim no povoado da Matinha em Feira de Santana .
O Umbu é uma fruta tipicamente brasileira, endêmica, por que só nasce no bioma Caatinga. Eu nasci em Seabra, no coração da Chapada Diamantina e centro da Bahia. Desde criança eu ficava sonhando em chegar o mês de dezembro, não só por causa do Natal, dos presentes comerciais, mas dos presentes naturais. Dezembro é mês de umbu e de mangaba, mas, sobre as mangabeiras, serão outras escritas.
Após provar um chocolate de umbu eu senti uma vontade avassaladora de escrever, dentro de mim algo estava pujante, deixei até de ir num compromisso ambiental, por que as palavras estavam me dominando.
Voltemos a infância em Feira de Santana, onde tem umbu, mas são mais tímidos, árvores menores, tinha muito mais cajá, então eu ficava sonhando com a viagem para Seabra na casa de vovó Amélia e chegar na feira e ter aqueles umbus enormes que vinham de Oliveira dos Brejinhos ou da Prata . Quando comecei a andar por Irecê e Jussara, e, descobri a roça de tio Licínio, foi uma paixão avassaladora, cada umbuzeiro digno de batismo e tombamento. Assim como na cidade de Sabará alugam 1 pé de jabuticaba para chupar, deveriam fazer com o umbuzeiro. É tanto umbu gostoso e diferente que fico imaginando a injustiça e tristeza de bilhões de pessoas no mundo que desconhecem este alimento. Partindo desta ótica, eu sou privilegiada demais, conheço centenas de pés de umbu.
Da infância para adolescência, parece aquela passagem de tempo de novela brasileira, mas com uma marca indelével, os dentes manchados de umbu, e desgastados, cada dia os dentes frontais mais deformados e quase sem solução, doíam e muito chupar umbu e tem as técnicas ancestrais de morder o galhinho novo de umbu para a resina proteger os dentes. Fiz tudo isso e faço, mas o desgaste vem.
Nada resolveu, fui até a idade adulta sofrendo com idas ao dentista e as técnicas de chupar umbu com uma faquinha na mão viraram rotina, por que agora sou proibida de morder virulentamente o fruto, é tudo descascado com a faca afiada e colocado na boca com cautela. Andanças e andanças mil, até que me mudo para Ilhéus, para estudar direito. Aqui não tem umbu, aqui é Mata Atlântica e Cabruca cheinha de cacau. Outro fruto entra em minha vida. Mas, na Bahia, tem a história dos ambulantes, então chega umbu nos carrinhos de mão, nas ruas do centro, na feira livre, mas nada se compara a chupar no pé, com aquela casca verde crocante, é uma sensação inigualável, única, um deleite aos ouvidos o “croc croc”, um sabor irresistível do cítrico e do açúcar. Chupar umbu no pé deveria ser atração turística com cobrança de ingresso e ticket.
Belo dia, descubro que meu pai escreveu um cordel com o título : “SE UMBUZEIRO FALASSE”, é uma obra prima da escrita e da poesia popular, Marialvo é geógrafo e chapadeiro de Ipupiara, amante da caatinga e conservacionista. Eu lia o texto e ia me derretendo em lágrimas, sonho em poder musicar e transformar numa peça de teatro, ou numa opereta, é uma obra prima da sociologia rural, das disputas de terra e injustiças sociais no campo e da biologia da conservação, só quem domina muito a língua e o tema é capaz de escrever com tamanha maestria. Sonho que este poema seja conhecido por todo o mundo.
Então a paixão pelo umbu, foi crescendo, pelo prazer do paladar, pela escrita de meu pai, pela importância da árvores no sertão e na ecologia.
E os dentes sofrendo, sofrendo ao ponto de todas as fotos de viagem ficarem sempre com aquele dentinho manchado, de tanto desgaste natural com o cítrico da fruta.
Só que o umbu começou a ter concorrência, a mudança para estudar nas terras grapiúnas de Ilhéus foi ficando mais longa, pós graduação, trabalho, casa própria, casamento, envolvimento comunitário e Cacau entrou definitivamente em minha vida. As viagens para Seabra e Feira de Santana ficaram menos constantes e o fruto ouro foi entrando sorrateiramente no meu cotidiano. É suco de cacau, é mel de cacau, é licor de cacau, é geleia. Mas, o chocolate fino foi bem devagar, a primeira vez que provei foi em 2004 na eleição para reitoria a UESC, o marido de professora Adélia, então candidata, trazia de lanche pra gente, uns bombons maravilhosos. Fausto nem podia imaginar o que fez conosco, despertou sensações únicas, momentos sensoriais impressionantes.
Mas não era fácil de achar e tudo ainda era muito novo neste universo em Ilhéus, a pobreza em face da crise econômica assolava as propriedades e fazendas. Até que um dia fui para um evento regional que se chama Festival do Chocolate, de stand em stand fui conhecendo um universo mágico e daí em diante não parei mais de provar essas “barrinhas”. São aventuras semanais de experimentação, até que na loja da Dengo onde vende multimarcas, me deparei com uma barrinha de Chocolate 70% e Umbu. A curiosidade foi imediata, oxe? como assim ? como pode ? quem faz ? quem criou ? quanto é ? como é ? da onde vem ? cheguei em casa e fiquei olhando a embalagem até decifrar este mistério, e bote oxe? melhor oxe oxe oxe, a gente repete 3três vezes.
O nome da barra é Mission Chocolate. Não sei nada sobre a marca e os idealizadores e isso que me encanta, escrever no escuro, não vi nada nas redes sociais, não li, não estou sugestionada, posso falar com pureza.
Eu já tinha algumas preferidas e agora aumentou a listinha das prioridades. Assim como Umbu é uma espécie funcional de grande relevância ecológica, esta barrinha ganhou grande relevância no meu universo particular de deleite.
São quadrados de geleia de umbu milimetricamente adicionados na barra, como uma obra de arte geométrica. Não sei quem criou isso, só sei que biologia da conservação é matemática, é cálculo, é estudo. Chocolate fino também, é o que vi e senti, até a embalagem é de uma delicadeza artística elaborada.
Um fruto amazônico e outro catingueiro, um fruto doce e outro ácido, um fruto da abundância de água e outro da escassez, um fruto de casca dura e outro de pele tenra, um fruto de sombra e outro de sol, e nesta dicotomia de frutos protegidos por povos ancestrais que se unem duas paixões que carrego em minha alma. Cacau e Umbu. Um muito obrigada às mãos talentosas que fez este chocolate que parece ser uma missão de vida como diz o nome da marca que acabei de conhecer.
Sobre os dentes? Ainda bem que surgiu a tal da faceta de resina e agora posso morder umbu de novo no pé, paixões preservadas pelo ecossistema e pela minha dentista.
Leia também : Ode ao Mel de Cacau – poema lírico e neoparanasiano sobre o líquido precioso e raro
Ilhéus precisa Renascer– crônica sobre conjuntura política e a nova versão da novela da Globo
A decadência extrema– crônica sobre o centro histórico de Ilhéus e suas vivências
Recebo sempre esta pergunta: fico quantos dias em Ilhéus?
A maioria dos viajantes tem muita dificuldade em fechar roteiros por que infelizmente esta cidade abençoada, linda e de 490 anos não tem secretaria de turismo, nem política de turismo. É surreal que os produtos não estejam formatados.
Vamos lá ,que a gente vai vencer esses incautos políticos politiqueiros, com diversão e alegria.
Sim, separe no mínimo 05 dias para Ilhéus.
PRIMEIRO DIA
Chegue bem, almoce legal e faça um city tour, não esqueça que não tem investimento público, então contrate um bom guia, caso contrário, não tem placas e você vai achar a cidade chata e sem graça. Tudo depende de como te contam as histórias reais e nababescas de Ilhéus. Sempre indico meu amigo Gregório (073998692144) , vale cada minutinho caminhando com ele pelo centro histórico. Lembre-se de provar Suco de Cacau na lanchonete Berimbau, de tomar chopp no Vesúvio e de 16/17 ver as maritacas na Praça da Dom Eduardo, onde está a Catedral de São Sebastião.
SEGUNDO DIA
Turismo náutico, agende visita de dia inteiro no Rio do Engenho. Para ir ligeiro, indico a lancha Royal Charolote com Vitamina (073-998351663), viagem vai durar 20 minutos no máximo, ainda passa pela ponte estaiada e centro da cidade via baía do pontal, depois ele volta e sobe o Rio de Santana até o povoado histórico. Mas se você quer ver o manguezal os animais, aves e quer curtir a paisagem, vá de barco po-po-po, aqueles dos pescadores mesmo, indico seu Gaspar(073-981311917). Tem aquele diferencial de levar um cooler, cervejinha, petiscos e ir curtindo a ida e volta. Lá tem 2 restaurantes legais indico o “Netos da Gabriela” de Maron, peixe com molho de gergelim, delicioso, quibe, todo o cardápio, serviço de excelência, o espaço é imenso e perfeito para ir com crianças, standup, canoa, prancha, bola de futebol, fazendinha de cacau, Caminho Feliz e a 2a igreja rural mais antiga do país, a Capela de Santana. Eu amo o Rio do Engenho e não canso de ir lá. Tem um outro restaurante Delícias do Engenho, é mais requintado, tem cardápio de cachaças bem legal.
No retorno ainda tem o por do sol da Sapetinga e tomar café e bolo no Café Fino Grão.
Vocês estará cansado de tanto banho de rio, então curta uma pizza na Massa pizzaria artesanal o na Pizzaria do Hotel Jardim Atlântico(aberta ao público) e durma mais cedo. Quer ir para balada ? KKKK, Não conte comigo, muito tempo sem frequentar , mas tem Mar Aberto e Baronesa, um espaço LGBT, esse eu recomendo mesmo, para incentivar a diversidade.
TERCEIRO DIA
Fazendas de Cacau e Praia . Você pode escolher
Fazenda Yrerê na manhã+ Camarões e Mariscos (almoço) + Praia do Sul (de tarde)
Fazenda Capela Velha (manhã) + Cabana do Bobô (almoço) + Praia do São Miguel (de tarde) – é a praia da Cabana mesmo
Fazenda Capela Velha (manhã) + Cabana da Empada (almoço) + Restaurante e Praia do Sargi (de tarde) – é a praia da barraca mesmo no litoral Norte, sentido Itacaré + Tapioca de Noite em Serra Grande
Fazenda Conduru /Dengo Origem (manhã) + Restaurante Cabruca (dentro da Dengo/almoço) + Café na Colina Benevides (tarde) + Por do sol na Sapetinga
Já falei e vou repetir, dia de chuva é excelente para ir nas Fazendas de Cacau
De noite não deixe conferir um restaurante bem ilheense como Marostica, ou Morro dos Navegantes ou o Pub Bela Vista.
QUARTO DIA
Turismo náutico na Lagoa Encantada. Você vai pegar um barco em Sambaituba ou na Vila Juerana, fale com nosso amigo Babito e ele conseguirá o barco ideal. É passeio de dia inteiro, você terá de agendar como barqueiro e o restaurante 1 dia antes. Eu amo comer pitu, galinha caipira , etc. Já falei aqui como é esse passeio. A viagem pelo Rio Almada é belíssima e não tem nada haver com o Rio do Engenho, acredite você não vai enjoar. Chegando lá tem banho de rio, tem a trilha até o véu de noiva, tem cachoeira, tem lendas, tem comida regional, é o máximo.
De noite vá nos barzinhos famosos, como Vesúvio Praia, ou Buteco do Posto, ou Boteco Sushi.
QUINTO DIA
Praia, praia , praia né. Comece o dia fazendo uma caminhada do Morro de Pernambuco , a volta no morro é massa e ali atrás tem a praia da Concha. Pegar o carro e ir até Olivença e Praia dos Lençóis também é uma delícia. Ir para Ilha do Desejo ou curtir as barracas da praia do Sul. Caminhar do Opaba/aeroporto até o Cururupe é uma maratona legal e não tem nenhum obstáculo natural, mas capricha no protetor solar e boné. No Norte a Praia do Sargi com suas pocinhas é uma delícia, olhe a tábua de maré antes.
Por favor não deixem de provar nossas moquecas, catado de aratu, lambreta, guaiamum, caranguejo, aipim frito, pitu, drinks com Mel de Cacau e Cacau. Sempre prestem atenção nos preços dos cardápios.
No Sul eu gosto de ir na Cabana Ribeiro e na Cabana Espelho D’água. No Norte na Cabana do Sargi. Ainda farei um rankig de todas as cabanas de Ilhéus, é meu sonho, me convidem.
Viu ???? Como tem coisas para fazer ??? Nem falei do Mirante do Outeiro, da Praça do Canhão e do abará dia de sábado, do feijão de Sodré, do Museu da Piedade, da terreiro Matamba Tombenzi Neto, dos eventos culturais, das feirinhas de economia criativa como Ciranda, Rua Viva e feira da Sapetinga e do Pontal, do festival do Chocolate.
Viu ??? ou tá cego??? Ilhéus tem muita atração , é uma pena que os incautos da prefeitura não invistam recursos e tempo para mostrar essas belezas ao mundo. E não tem fotos de propósito para você ficar na vontade e pesquisar os outros artigos do blog e mais ainda, venha conhecer com seus olhos.
Por favor entendam que este post não é sobre o território do Cerrado brasileiro, o Jalapão e todos os seus municípios e povos tradicionais são lindos, exuberantes e de uma beleza estonteante, estou ansiosa para ir de novo.
Tanto tempo viajando pelo mundo e vacilei em fazer pouca pesquisa, a minha bronca é sobre o marketing e sobre agências “famosinhas”. Sabe aquele post da “brogueirinha” ??? da influencer ?? é tudo fake, ou melhor pode até ser verdade , mas este tratamento que você NÃO terá.
Antes de tudo deixa eu esclarecer que sou da Bahia, do interior, acostumada com roça, com mosquito, com estrada de chão, acostumada em tomar água de pote e colher fruta do pé. 100% sem frescura, mas … tudo tem o massssssssssssssssssss… quando você paga por um serviço “vip” “sem limite” é isso que você imagina receber e não, não vão te dar.
Eu não vou citar nomes de empresas. Senti exatamente o que meu cunhado me falou, é MUITO CHÃO PARA POUCO PASSEIO. Você vai ficar horas e horas sacolejando no carro e ficar apenas 15 minutos em 1 atrativo, isso se em seu carro não estiver num grupo tão mau humorado, que nem do carro desce e se você não insistir, nem entra nos lugares. Isso mesmo a pessoa anda 2 horas de carro numa estrada de chão e quando chega no atrativo desiste, por que está cansada.
Ao que parece a maioria das agência CRIAM A DIFICULDADE para te vender a FACILIDADE. Inventam que é impossível andar pelo Jalapão sozinho e isso não procede, precisa de guia e é fundamental, mas custará mais barato contratar um particular e desfrutar bem cada cantinho do que ficar na paranoia de agência.
Vamos lá.
Eu estava de Jeep, eu avisei na agência, eu disse que ia da Bahia, melhor de Seabra para Palmas de carro e eles me convenceram que deixar o carro lá na capital e fazer 05 dias de roteiro era o ideal, por que os grupos saem todos da “base”.
Daí na ida sabe o que descobri ???? Que a Lagoa do Japonês , município de Pindorama, estava no meu caminho, ou seja, no primeiro dia da ida para Palmas, eu MESMA PODERIA TER ENTRADO via TO 130 , curtido o passeio, almoçado (um peixe que parecia ser delicioso, e curtir o dia. A lagoa não é lugar para apenas tirar foto em barquinho transparente não. É um complexo de lazer, tem tirolesa, tem restaurante, a lagoa é grande, tem sorveteria, é bom para criança passar o dia inteiro. Eu fiquei apaixonada e com muita vontade de ficar. Essa foi a primeira furada. Quando vi as placas no caminho chega fiquei roxa de não ter ido por conta própria.
E só ficamos 1 hora, ô raiva, vocês tem noção que andamos 04 horas de ida, 04 horas e meia de volta para Palmas e só ficamos lá 1 hora . Pior se você ficar nos bancos do fundo da Pajero, sim, são 06 passageiros e vc fica lá apertado, morrendo e sacolejando muito. Parece que as pessoas se satisfazem apenas com fotos produzidas e nada mais importa.
Eu estava de carro, carro bom, 4x 4, eu avisei aos miseráveis e ainda assim eles me dissuadiram : “é longe, seu carro pode quebrar, com agência é mais seguro”, eu cai nessa BALELA. afff
Segunda furada, o seu grupo terá mais 05 pessoas; olha, se você não está com amigos, você vai num grupo estranho, vai ficar horas e horas no carro, vou repetir : sacolejando, e se as pessoas forem reacionárias, vocês está lascado literalmente, ouvir aberrações durante 05 dias é traumatizante. Repito, mesmo que tenha revezamento, você vai ter de ir durante um período nos bancos do fundo, entrar e sair é bem chato. A coluna e as pernas sofrem com o aperto. Leia o contrato, e não seja enganado.
Terceira furada, esse negócio de all inclusive; ô santo deus, cada lugar legal para comer, cada cantinho charmoso e não podíamos parar por que não estava no pacote das agências. Comida caseira é uma delícia, amei a comidinha, mas experimenta serem iguais 10 refeições, almoço e janta , seguidamente. No último dia a gente foi comer hamburguer, barato e delicioso. O jantar do Reveillon foi sofrível, mesmo comida simples, a pousada não sabia fazer não, o lombo estava igual um pau de tão duro e a sobremesa até estava gostosa mas acabou logo. Os lanches não tinham nada de saudáveis e os almoços não tinha nada de típico, nem um arroz com pequi.
Por exemplo, em Mateiros tem o Mama Cadela e no Parque Estadual do Jalapão, onde amarram as fitinhas tem um bar transadissimo com música ao vivo e não podíamos parar no Recanto das Dunas. Ahhhh, que falta fez nosso Jeepinho para ter liberdade e autonomia, se seu carro tem seguro, baixe os mapas off line e vá.
Quarta furada: os hotéis. Você chega lá e descobre que tem fervedouros com pousada ao lado, que tem entrada exclusiva para os hóspedes sem filas, como Formiga Ecolodge e a Pousada e Fervedouro Bela Vista; ficaria ali facinho , facinho. As pousadas escolhidas por nossa “agência dos famosinhos”, a porta era tão fina que a gente ouvia tudo , corredor, etc, torneira e chuveiro pingando e no reveillon tiveram de pegar as cadeiras da Prefeitura, com certeza “emprestadas”, porque não tinham cadeira suficientes pra festa, o DJ a gente ria de raiva ou de vergonha por ele mesmo, mas abstraímos, não era simples, era sofrível, eu ri muito da situação.
Quinta furada: a Lagoa do Japonês no último ou primeiro dia, é muito chão para pouco passeio, lugar é lindo, vale passar o dia inteiro. Outra coisa : não é Jalapão, é longe mesmo e os roteiros amarrados e vendidos por 100% das agências deixam de fora o Cânion Encantado em Pindorama, mesmo município da Lagoa. E o almoço poderia ser na Lagoa, víamos a Costela de Tambaqui passar lindíssima e cheirando bem e sequer dava tempo de almoçar, nem tomar cervejinha, imagina ir sacolejando, se optar por agência, tome seu remedinho.
Por favor não façam Taquaruçu com agência, são apenas 32 km de Palmas , vale alugar um carro e ir curtir 2, 3 dias, bem tranquilos, restaurantes deliciosos como o Babaçu e a Pousada da Aldeia, um primor, fizemos tirolesa, jantamos bem, café da manhã delicioso, massagem no Spa Capim Santo, nada disso vivenciaríamos com agências, que faz tudo cronometrado. Ficamos na vontade de conhecer as dezenas de cachoeiras.
Sexta furada, o roteiro engessado, sequer visitamos territórios quilombolas para interagir com a comunidade, não tivemos experiências proveitosas, somente nos levaram na lojinha de capim dourado e tchau. Que horrível, ao tentar conversar com a proprietária, uma artesã quilombola super gentil e com vasto conhecimento, todos do carro ficaram de cara feia pra mim, com “pressa para ir pro hotel”, ou seja, você não vivencia nada, só a distância e chão no lombo.
Então senhores, se vocês forem no meu Instagram, não tem menção nem marcação da fadada agência, não é meu objetivo detratar, mas informar que sim, tem AGÊNCIAS QUE SE SALVAM, EU FIQUEI observando, e achei a Cerrado Dourado e a Jalapão Expedições muito mais honestas pelo que vi lá com os clientes, e no insta deles. O cuidado ao falar de cada comunidade e sobre a cultura. Não, eles não sabem que eu estou aqui fazendo esse desabafo e nunca os vi nem pintados de ouro. É apenas para dizer que no meio desse turbilhão de decepções existem pessoas sérias. Engraçado que ao conversar com uma “amiga da vizinha da roça”, ela me disse a mesma coisa, trabalhou lá e ficou horrorizada com a politica das agências, que é “criar dificuldade para vender uma suposta facilidade”.
O que eu faria de DIFERENTE, assim como minha colega Evelyn foi para o Atacama por conta própria e desmistificou para mim o turismo de aventura com autonomia e alugando carro, eu faria o seguinte: CONTRATARIA um guia local que pouquíssimo na diária e a gente fez um caixinha de gorjeta. Mesmo com gasolina, pagando o guia por 4 dias, mesmo pagando a hospedagem do guia e os almoços, ainda assim, sairia mais barato do que o pacote de Reveillon que foi um engano, “ceia de Ano Novo, DJ e 1 champagne”, nem vou postar as fotos para que vocês não reconheçam o lugar, eles não tem culpa.
Jalapão é lindo, é um destino bem rústico e o Tocantins está se capacitando e investindo em Ecoturismo, mas infelizmente sempre tem empresas que abusam dos turistas. Para os influencers uma viagem inesquecível, eu VI COM MEUS OLHOS, só 2 pessoas no carro, máximo 4, super confortáveis, entravam primeiro na fila dos fervedouros para fotos e para os abestalhados que pagam a viagem, um guia/motorista que chamou os quilombolas de “preguiçosos” e o reveillon chegou mais cedo viu… hablei miesmo. Mas foi o guia de outro carro, contudo da mesma agência.
Vou deixar o nome e telefone de Kenner, guia quilombola que pode te ajudar em roteiros personalizados, e sim, baixando os mapas off line no seu celular , dá para fazer tudo, sabendo que as cidades lá são bem minúsculas e longe uma das outras . Kenner 063-992147581. No instagram colocando #guiajalapao você encontra outros profissionais autônomos.
Por favor não desistam de visitar o Jalapão, o meu erro foi ter pesquisado pouco e o algoritmo só me levava para as publicidades das agências, leiam blogs de gente real, de pessoas comuns, para depois tomar sua decisão. Eu estou doidinha para voltar e na época que não chove e com amigos para ficar bem legal os deslocamentos.
A noite desta segunda-feira, 22 de janeiro foi emblemática na cidade, telão na praça e grande expectativa para o primeiro capítulo da nova versão da novela Renascer da rede Globo. Uma novela tem uma preparação gigantesca antes de ser exibida. O texto original de Benedito Ruy Barbosa foi adaptado pelo seu neto, o também escritor Bruno Luperi. Para renovar e dar ar contemporâneo à narrativa, ele esteve no Centro de Inovação do Cacau- CIC , ou seja, ele foi beber da fonte da ciência, e ciência se faz com pesquisa, ensino e extensão.
Aqui estou há duas décadas, como uma ilheense de direito, pois recebi o título de cidadã, e, também fiquei em casa na grande expectativa; quando adolescente já amei a primeira versão pois meus pais já eram leitores vorazes e apaixonados por Jorge Amado, mas morando no sertão de Feira de Santana, tudo aquilo que via na tela era um mistério: barcaça? mel de cacau ? lida ? banderar cacau? secador ? cabruca ? que palavras eram essas ?
25 anos depois, um curso de Direito cursado dentro da UESC, a Universidade Estadual de Santa Cruz, no Meio da Mata Atlântica e da Cabruca, ativista ambiental e terminando um mestrado de Conservação da Biodiversidade, assisto a novela com mais entusiasmo ainda, um encantamento que toca fundo, pois agora respiro ares grapiúnas e compartilho as dores e desafios do povo sulbaiano.
Um trecho da fala do José Inocêncio jovem marcou-me na alma : “a gente não vai seguir a cartilha do governo, a gente vai seguir a cartilha da natureza”. Essa frase é disruptiva e pra quem vive em Ilhéus faz todo o sentido.
As cartilhas dos governos tendem a menosprezar a ciência, vilipendiar a natureza, descumprir regras clássicas dos direitos humanos e depois afirmar que todos os problemas ambientais são de “força maior”.
José Inocêncio fará sua fazenda Renascer, pois mudou suas ideias e ideais. Ideia errônea de que a natureza seria um recurso para ser extraído e não um ambiente a ser regenerado. Ideais para que a cultura do cacau não entre mais em colapso.
E colapso é bem o que o governo de Ilhéus sabe fomentar. Menosprezando que a cidade está no Bioma Mata Atlântica com alto índice pluviométrico, alta biodiversidade de fauna e flora, vilipendiando todos os conceitos de urbanização e mobilidade sustentável, descumprindo regras básicas de gestão e administração pública, a noite de RENASCER, foi um parto de horrores com as CHUVAS levando o pouco da dignidade que ainda nos resta.
Sem IDEAL, para adequação que leve à resiliência urbanística, são anos e anos de enchentes, dor e tormento. Um looping infinito de descaso, palavras vãs e insuficiência de ações do poder público. Inação é a palavra mais exata. Enquanto os coronéis de Renascer são gladiadores pelo poder em si mesmo, autofágicos, destruidores de reputações, na vida política contemporânea, a diferença é que podemos assistir o espetáculo em tempo real pelas redes sociais, novos e velhos nomes sem qualquer IDEAL, sem qualquer ideia que agregue.
A ideia da ciência ambiental não é lutar contra o bioma, ao contrário, temos de nos adequar às suas especificidades, com soluções baseadas na natureza, contudo uma cidade que sequer limpa seus bueiros e canais pluviais, não consegue falar em inovação.
Colapso, caos, chuvas, enchentes, lágrimas de famílias arrastadas pela lama, alma enlameada, depois do 1º capítulo da novela na segunda, vem o 1000º capítulo das chuvas na terça. É um looping infinito de desespero, de impotência, um mal estar generalizado.
A sensação é que a política de Ilhéus tem de morrer de morte morrida ou matada, para depois RENASCER sobre um frondoso tronco de Jequitibá e que Yroko abençoe essa terra adubada de sangue.